Billie Eilish, CNH, Diabete…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
“Fechado ao público”: Globo encerra programa humorístico com Deborah Secco, piadas vencidas e plateia implorando pelo fim
Parece uma experiência de tortura da CIA: o novo humorístico da Globo, Aberto ao Público, encerrou sua temporada e ninguém entendeu por quê começou. O elenco, formado por um misto de nomes reciclados e desesperados por holofote, insistiu em piadas que fariam um powerpoint do RH parecer engraçado. Deborah Secco, coitada, apareceu como se tivesse confundido o set com a festa do Faustão de 2004. Paulo Vieira, gênio do formato autocongratulatório, é mais uma vez o nome por trás do fiasco — talvez porque a Globo insista em acreditar que ele é o novo Chico Anysio, quando parece mais um novo Zorra Total. A cereja indigesta foi o jogo final: “quem adora mexer no celular pelada?” — um momento tão embaraçoso que fez a audiência rezar por um apagão. Alguns na plateia sugeriram rebatizar o programa para Fechado ao Público, numa homenagem ao bom senso. Resta torcer para que o humor da emissora não esteja em coma irreversível. Embora, francamente, os sinais vitais já sejam fracos há tempos.
Brasil senta em cima de tório e urânio enquanto EUA e China duelam pela energia do futuro com tarifas e cara de paisagem atômica
O Brasil, esse eterno herdeiro rico que não sabe onde está o cofre, abriga a sétima maior reserva de urânio do planeta e, para humilhar o destino, 20% do tório do mundo inteiro. É o tipo de coisa que daria para fazer render uns 10 Itaipus e mais umas 3 Copas do Mundo. Mas, como sempre, estamos mais ocupados discutindo calçada de paralelepípedo e marco temporal. Enquanto isso, os EUA de Trump (ou o que sobrou deles) ensaiam um tarifaço nuclear usando o Brasil como peão, e a China descobre reservas que prometem 60 mil anos de luz para suas cidades-fábrica. O nosso tório? Bem guardado, sob uma tonelada de burocracia, desinformação e descaso. Talvez essa seja a grande sacada do tarifaço: criar o problema e depois cobrar para removê-lo. E nós? Continuamos com o fósforo na mão e a energia do futuro sob os pés. Um clássico tropical: abençoado por Deus, e zonzo pela própria burrice.
Billie Eilish e a gênese do “racismo de cloroquina” em show na Irlanda: quando o problema é falar demais para gente de menos
Billie Eilish, entre um verso depressivo e outro, decidiu explorar sua veia antropológica durante show na Irlanda. “Todo mundo aqui é tão pálido quanto eu. Amei. Vocês são muito, muito, muito brancos”, disse, com a mesma sutileza de um escavador de tumba celta. A plateia riu, mas as redes sociais — esse novo Coliseu romano — não perdoaram. A cantora foi acusada de racismo por afirmar que adorou estar num lugar onde todo mundo “se parece com ela”, o que, convenhamos, num mundo de algoritmos e traumas coloniais, é o mesmo que pintar o rosto de branco e sair gritando “Viva o Império Britânico”. Até agora, silêncio total da artista, que deve estar mergulhada num balde de gelo aromático ou fazendo careta no TikTok. A ironia? Billie, que sempre se vendeu como porta-voz da geração antirracista e inclusiva, acabou tropeçando na própria branquitude. Faltou alguém no camarim pra dizer: “menos, Billie. Bem menos”.

Apollo 15 e o dia em que a NASA inventou o 4×4 lunar — e o homem virou motorista de rally na cratera Hadley
Hoje faz exatos 54 anos que a Apollo 15 levou dois astronautas para passear na Lua com um carro conversível lunar, provando que, mesmo a 384 mil quilômetros da Terra, o americano médio não resiste a um automóvel. David Scott e James Irwin pilotaram o primeiro “Lunar Rover”, que parecia uma variante do Jeep Willys com rodas de papel alumínio, por 8 km de puro pó cósmico e zero trânsito. Na época, o feito foi vendido como conquista científica. Mas, se fosse hoje, renderia dancinha no TikTok e vídeo de unboxing do veículo. A verdade é que, desde 1971, nenhuma montadora conseguiu fazer algo tão simbólico com tão pouco conforto. Os cintos de segurança? Imaginários. O ar-condicionado? Sonho. O GPS? Uma bússola e um chute. Ainda assim, o passeio lunar permanece mais funcional do que muito transporte público brasileiro. E sem risco de engarrafamento provocado por motoboy furando o farol.
Diabete tipo 2 explode entre jovens brasileiros e pré-adolescentes caminham rumo ao colapso pancreático com Coca-Cola e nuggets
A juventude brasileira está trocando o tédio das aulas por insulina de emergência. Casos de diabete tipo 2 entre crianças e adolescentes cresceram 225% em 8 anos, o que transforma o lanche do recreio numa bomba glicêmica. São Paulo viu um aumento de 130% e ninguém parece muito surpreso. Afinal, entre aplicativos que entregam pizza às 3 da manhã e escolas onde a educação física virou aula teórica, o destino pancreático do jovem médio era previsível. O pré-diabetes virou o novo normal, um estágio onde o corpo ainda implora por socorro, mas o cérebro prefere um frappuccino. A endocrinologista Tarissa Petry explica que o pâncreas “cansado” é resultado de gordura visceral e resistência à insulina — ou seja, um corpo que simplesmente desistiu de se defender. Enquanto isso, o mercado infantil continua vendendo cereais com 30 gramas de açúcar como “refeições balanceadas”. Estamos criando uma geração que vai precisar de glicosímetro antes mesmo de uma carteira de identidade.
Renan Filho quer liberar CNH sem autoescola porque brasileiro já dirige por instinto (e desespero social)
Renan Filho, ministro dos Transportes e possível aluno da escola de pensamento “se todo mundo já faz errado, vamos oficializar”, quer acabar com a obrigatoriedade de autoescola para tirar a CNH. Justificativa? Quase poética: o brasileiro dirige sem habilitação porque não pode pagar entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. A proposta, que soa como uma carta de alforria para a clandestinidade, busca formalizar o que já virou rotina: 20 milhões dirigem sem habilitação e mais 60 milhões estão na fila da informalidade volante. O plano é permitir cursos mais baratos, autogeridos, talvez até com tutoria no YouTube, se der. O risco de acidentes? Segundo o ministro, já está aí, só falta regularizar. Mulheres, pobres e motociclistas estariam entre os mais afetados pela exclusão atual. A solução do Governo, no fim, é admitir que o caos venceu e tentar colocá-lo no papel. Afinal, se o brasileiro já nasceu sabendo dirigir no desvio, pra quê pagar por um atalho?

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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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