Bradesco, semicondutor, PT…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
NFL no Maracanã: o capitalismo bota chuteira, canta hino em inglês e vende até o samba como souvenir corporativo
O general manager mexicano da NFL no Brasil, Luis Martinez, já deve estar sonhando com o Super Bowl do samba. A liga norte-americana prepara seu primeiro jogo no Maracanã em 2026 e, na ressaca do sucesso em São Paulo, quer multiplicar contratos de patrocínio como se fossem touchdowns financeiros. O escritório brasileiro da NFL mira 25 marcas penduradas no capacete, contra as 16 do jogo entre Chargers e Chiefs, e comemora como se o capitalismo tropical tivesse finalmente aprendido a vender hot dog em dólar. O “efeito Cidade Maravilhosa” promete render um impacto econômico de US$ 80 milhões — porque o PIB do futebol agora se mede em merchandising e QR code. Se o Cristo Redentor abrir os braços um pouco mais, talvez até a estátua consiga um contrato de naming rights. A NFL descobriu que o Brasil é o novo Texas: só precisa traduzir o “Go team!” para “Vai, time!”, e o resto é samba de planilha.
Diddy acorda com faca no pescoço e descobre que a cadeia é menos glamourosa que o tapete vermelho do Grammy
Sean “Diddy” Combs, outrora ícone do hip-hop milionário, acordou com uma lâmina na garganta dentro da prisão federal do Brooklyn. A vida, que já lhe dera festas com champagne e mansões, agora oferece facas e colchões duros. O ataque, segundo relatos, foi interrompido por um guarda — e por pouco o rapper não virava lenda antes da hora. Condenado por violações do Mann Act (aquele que proíbe transportar pessoas para fins sexuais ilegais), Diddy virou o protagonista involuntário de um reality show de sobrevivência. O TMZ jura que Trump pensa em perdoá-lo — o que, convenhamos, seria o plot twist ideal: o magnata branco salvando o magnata negro em um gesto de autopromoção eleitoral. Especialistas dizem que celebridades viram alvos em presídios. A ironia? No showbiz, Diddy mandava; na prisão, é apenas mais um número em um corredor sem som. A cultura do poder muda de trilha sonora quando a cela se tranca.
Bradesco oferece crédito com juros de 311% ao ano e chama isso de inclusão financeira: o abraço de urso do capitalismo tropical
Enquanto o Banco Central fala de responsabilidade, o Bradesco ensina o conceito de “amizade tóxica” aplicada às finanças pessoais. O banco, ainda em terapia depois do trauma das Americanas, decidiu recuperar o fôlego oferecendo crédito com juros anuais de 311% — uma espécie de roleta russa com boletos. O cliente pode parcelar a fatura e chamar de “planejamento”, mas, na prática, é um abraço de urso: sufocante, mas cheio de tapinhas nas costas. A taxa mensal de 12,5% faz a Selic parecer uma taxa escandinava. O discurso oficial é o da “inclusão bancária”, mas o que se inclui, na verdade, é o desespero no extrato. Enquanto isso, o banco empilha lucros e discursos sobre “educação financeira” — aquela aula em que o aluno aprende que o banco sempre passa de ano. No Brasil, crédito virou um esporte de resistência, e os juros, uma forma de patriotismo bancário.

27 de outubro: o dia em que Lula venceu e o Brasil se reencontrou com o espelho (sem saber se era reflexo ou miragem)
Em 27 de outubro, há exatos vinte e poucos anos, Luiz Inácio Lula da Silva vencia pela primeira vez uma eleição presidencial — e fazia aniversário. Foi o dia em que o país confundiu festa de democracia com velório da inocência. O ex-metalúrgico subia a rampa, o operário virava símbolo e o símbolo virava Governo. Hoje, o mesmo Lula assiste à história se repetir como reprise de novela: os antagonistas mudam, mas o enredo insiste em ser o mesmo — o Brasil tentando encontrar um herói que não precise ser santo nem mártir. Naquele 27 de outubro, o país acreditou que o poder poderia ter calos nas mãos. Duas décadas depois, descobre que os calos estão nos ouvidos, cansados de ouvir promessas recicladas. Foi o dia em que o Brasil se olhou no espelho e disse: “Agora vai.” E o espelho respondeu: “Vai, mas não muito longe.”
BYD e GWM escapam da crise dos chips: o dragão chinês mostra que planejar a longo prazo ainda é pecado no Ocidente
Enquanto a indústria automotiva brasileira acende velas para não faltar semicondutor, as montadoras chinesas BYD e GWM já estão produzindo com chips próprios — e um leve sorriso de quem se preparou para o colapso global com décadas de antecedência. A Anfavea soou o alarme: risco de paralisação nas próximas semanas. Mas as chinesas, pragmáticas, seguem fabricando SUVs como quem fabrica serenidade. A GWM, instalada em Iracemápolis, até comprou uma fabricante de chips para garantir que o motor não pare. A BYD, que assumiu o antigo terreno da Ford em Camaçari, fez o mesmo com um toque de ironia histórica: a velha indústria americana sendo substituída por carros elétricos asiáticos. O Ocidente fala em “crise de abastecimento”; a China chama de “terça-feira normal”. Moral da história: quem controla o chip controla o mundo. E o Brasil, por enquanto, só controla a ansiedade.

Ciro Nogueira elogia Lula e prova que, no Brasil, até a oposição reza pelo Governo (desde que sobre cargo)
O senador Ciro Nogueira, presidente do Progressistas, acordou generoso e admitiu: Lula é o favorito para 2026. É raro ver um opositor elogiando o adversário, mas o Brasil é o país onde o contraditório mora em gabinete com ar-condicionado. Ciro comparou a eleição a um jogo de futebol: “Hoje, Lula é um avião voando sozinho.” Tradução: o PT está em campo, e a direita ainda está procurando o técnico. O senador jura que o “centro” vai decolar, talvez pilotado por Tarcísio ou Ratinho Jr., e ele, claro, sonha com a cabine de vice. No meio do voo, cutucou o presidente pela frase sobre traficantes serem “vítimas” — depois Lula se retratou, mas o estrago moral ficou no feed. Ciro lamenta o pensamento do petista, mas o tom revela algo mais simples: inveja de quem ainda pilota o avião enquanto os outros estão presos no finger do aeroporto da oposição.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.




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