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Do lado de lá com Villa-Lobos

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Heitor Villa-Lobos (1887–1959), nascido no Rio de Janeiro, foi o pulso mais indomado da música brasileira. Não tocava para agradar, nem compunha para caber em molduras — ele rasgava fronteiras e inventava selvas sonoras. Enquanto a Europa afinava violinos diante de salões dourados, Villa-Lobos afinava o mundo diante da natureza bruta. Seus acordes carregavam cheiro de mata, barulho de rua, canto de sabiá e tumulto de alma. Era o maestro do indomável, o arquiteto do descontrole sublime. Grande, desengonçado, vaidoso e genial, falava alto, vivia alto e compunha mais alto ainda. Não queria reconhecimento — exigia. Para ele, a música não era disciplina: era território conquistado na marra. Nas “Bachianas Brasileiras”, encontrou um ponto impossível: fez Bach beber café no Brasil, cruzou o barroco com o berimbau, a orquestra sinfônica com a gargalhada do povo. Ele não trouxe o Brasil para o palco mundial — arrastou o palco para dentro do Brasil.

Mas por trás da grandiosidade havia uma solidão peculiar: a solidão dos que sabem que nasceram para atravessar o mundo sozinhos. Villa-Lobos não pertencia a um país, a uma escola, a um estilo. Pertencia ao próprio instinto. Viveu como um furacão e partiu como um trovão que se esconde atrás das montanhas. Morreu em 17 de novembro de 1959, aos 72 anos, deixando partituras que ainda respiram como seres vivos. Villa-Lobos não compunha para dominar — compunha para sobreviver à própria intensidade.

12 frases marcantes de Villa-Lobos:

“Sou feito de selva e metrônomo.”

“A música deve nascer do chão, não da vitrine.”

“O Brasil não cabe em pauta — mas eu tentei.”

“A disciplina é útil, mas o impulso é divino.”

“Não componho para agradar — componho para existir.”

“Bach me ensinou que Deus também escreve notas.”

Villa-Lobos, o maestro que fez a selva cantar com a sua música inusitada
Villa-Lobos, o maestro que fez a selva cantar com a sua música inusitada (Ilustração: Coelho)

“O músico não deve pedir licença ao mundo.”

“Se a música não ferve no sangue, é ruído.”

“O silêncio é uma orquestra aguardando comando.”

“Eu não sigo escolas. Eu as obrigo a me seguir.”

“Toda melodia é um animal selvagem domado por instantes.”

“O gênio não é privilégio — é condenação.”

Mensagem do Além

Pergunta psicografada para Heitor Villa-Lobos

(No além, Villa surge com um paletó amarrotado, como se tivesse acabado de travar uma briga com a eternidade e vencido por cansaço. O charuto aceso, sempre meio torto no canto da boca, exala uma fumaça que parece traçar pautas no ar — pautas onde só ele sabe que melodia está prestes a nascer. Ao fundo, uma orquestra invisível afina instrumentos que não fazem som, mas vibram no ar como se a música antecedesse o próprio som, como se fosse uma ideia repousando antes de virar mundo. Seu olhar é inquieto, nervoso, vivo — o olhar de quem já conversou com florestas, rios barrentos, meninos de rua e deuses órfãos. Olha como quem está prestes a reger Deus, se é que já não o fez em algum momento, entre um gole de café requentado e um assovio desafinado. Villa está ali como sempre esteve: meio desarrumado, meio genial, completamente inadiável. Um maestro que não precisa mais de plateia — o universo é o seu auditório, e ele, com impaciência divina, já levanta a batuta outra vez.)

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Pergunta:

Villa, o que a música lhe revelou sobre o Brasil?

Resposta psicografada:

“Revelou-me que o Brasil é um continente emocional. Que aqui o peito canta antes da boca. Que o povo sofre cantando e vence chorando. A música brasileira não nasceu para ser domada — nasceu para ser vivida. Eu apenas escutei o país respirar e transformei o suspiro em sinfonia.

Se ainda componho aqui, é porque o infinito é grande, mas ainda não maior que o som do meu país. E quando as mãos tocam o instrumento, não tocam madeira e cordas — tocam memória, saudade, ferida e festa. Cada acorde é uma rua, cada melodia é um quintal onde a infância ainda esconde seu cheiro de chuva.

Aqui, o silêncio também fala, e quem sabe ouvir entende que não há separação entre vida e canção. O ritmo que chamam nosso não é invenção, é destino. E se o mundo insistir em não compreender, paciência: o Brasil não se explica — o Brasil se sente.”

— Villa-Lobos, ainda regendo tempestades.

Última atualização da matéria foi há 5 dias


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