Elon Musk, Jenna Ortega, desemprego…

Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.

Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.

Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.

Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.

Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.

Governo promete ressarcir vítimas de fraudes no INSS até o fim do ano

O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, anunciou que o Governo pretende concluir até dezembro o pagamento das vítimas de fraudes no INSS. O problema não é novo: golpes envolvendo benefícios têm se multiplicado, enquanto o cidadão honesto espera meses para conseguir uma perícia. A ideia de que o Estado é um pai protetor cai por terra quando o mesmo Estado precisa de quase um ano inteiro só para consertar o estrago de criminosos que agem sob o seu nariz. Segundo o ministro, as investigações estão avançadas e o sistema será modernizado. Só não se sabe em qual século. Enquanto isso, milhares de brasileiros seguem no limbo, sem aposentadoria, auxílio-doença ou qualquer esperança de retorno à normalidade. Ressarcir é o mínimo. E demora é o máximo.

Desemprego cai para 6,6%, mas informalidade segue como regra no Brasil

A taxa de desemprego caiu para 6,6% no trimestre encerrado em abril, segundo o IBGE. A boa notícia é que tem mais gente trabalhando. A má é que, para muitos, isso significa vender espetinho na rua, fazer entregas de bicicleta ou abrir uma lojinha virtual que ninguém compra. O país registra mais de 39 milhões de pessoas na informalidade. Isso significa ausência de carteira assinada, zero direitos trabalhistas e uma aposentadoria que só virá, talvez, na outra encarnação. O otimismo dos números contrasta com a realidade de quem trabalha o triplo para receber menos da metade. Mas, claro, os analistas financeiros já estão sorrindo e dizendo que “o mercado gostou”. Talvez porque o mercado nunca precise pedir demissão do próprio desespero.

Recordar é Viver: Joana d’Arc é queimada na fogueira em 30 de maio de 1431

No dia 30 de maio de 1431, Joana d’Arc foi executada aos 19 anos sob a acusação de bruxaria. Heroína francesa, liderou tropas contra os ingleses durante a Guerra dos Cem Anos, após ouvir “vozes divinas” que a instruíam a defender a França. Capturada, foi julgada por um tribunal eclesiástico — composto majoritariamente por homens — que a condenou por usar armadura, cortar o cabelo curto e ouvir Deus sem ser padre. Em suma: ser mulher e ousar demais. Queimada viva na praça de Rouen, Joana se tornou símbolo de coragem e fé, e, séculos depois, foi canonizada. O caso é uma lembrança incômoda de como as estruturas de poder sempre reagiram mal à mulher que pensa, lidera e age. Hoje ela é santa. Na época, foi só mais uma mulher queimada pelo medo alheio.

Elon Musk deixa governo Trump após cargo “decorativo” nos EUA

Elon Musk anunciou sua saída como conselheiro especial de Donald Trump, cargo que ocupava com o curioso nome de “líder do Departamento de Eficiência Governamental (Doge)”. Sim, você leu certo: Doge. Talvez porque o governo republicano trate funções públicas como memes. Musk agradeceu a Trump pela “oportunidade” e saiu com a habitual pompa de quem parece governar o mundo paralelo do X. Não se sabe exatamente o que ele fazia no cargo. Talvez supervisionasse a performance das luzes da Tesla, talvez indicasse onde não investir em chips cerebrais. A verdade é que Musk entrou e saiu do governo como uma notificação de aplicativo: barulhento, mas esquecível. Para Trump, é mais um nome famoso para a lista de ex-aliados. Para Musk, apenas mais uma semana como outra qualquer.

Marina Silva é hostilizada em audiência no Senado sobre conservação ambiental

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi desrespeitada por senadores durante audiência pública sobre a Margem Equatorial. O ápice da baixaria aconteceu quando o senador Marcos Rogério mandou Marina “se por no seu lugar” e ainda desligou seu microfone. O clima foi tão rasteiro que a ministra decidiu se retirar da sessão. Plínio Valério, do moribundo PSDB, tentou amenizar: “A mulher Marina merece respeito; a ministra não”. A misoginia, ali, foi servida com gelo e cinismo. A audiência, que deveria discutir a preservação ambiental, virou um circo de insultos, grosserias e testosterona descontrolada. E pensar que essas são as pessoas que “representam o povo”. Marina saiu de cabeça erguida. Os senadores, de cabeça nenhuma. Afinal, ela falava de futuro — e eles ainda estão presos no século passado.

Jenna Ortega revela que sucesso de ‘Wandinha’ a deixou infeliz

A atriz Jenna Ortega abriu o coração em conversa com Natalie Portman e confessou que, apesar do sucesso estrondoso da série Wandinha, sentiu-se infeliz e subestimada. Segundo ela, a fama instantânea trouxe mais pressão do que realização. Jenna também criticou como Hollywood trata jovens artistas, principalmente mulheres, com base em aparência e estatura — como se talento precisasse de régua. Apesar de ser a protagonista de uma das séries mais vistas da Netflix, ela diz que não se sente levada a sério. O paradoxo da fama: aplaudida pelo público, mas ignorada pela indústria. Ortega é jovem, talentosa e corajosa. E parece já entender que ser celebridade não é o mesmo que ser respeitada. Ela queria ser atriz. O algoritmo fez dela um produto.

Última atualização da matéria foi há 4 meses

Franco Atirador

Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.