Leo Dias, Almançor, Katy Perry…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Donald Trump, Lula, Mercosul e a América Latina em frangalhos: o retorno da tarifa como bomba e da diplomacia como piada geopolítica
O Brasil corre o risco de virar figurante na tragédia da integração regional, agora com cenário norte-americano, protagonista trumpista e trilha sonora de tarifas. Donald Trump, em seu segundo mandato com gosto de revanche, resolveu bombardear economicamente o mundo e, de quebra, enterrar de vez qualquer veleidade de bloco sul-americano. Lula, entusiasta tardio de uma união continental, vem insistindo num projeto que, desde FHC, só dá em simpósio e churrasco de cúpula. O novo ataque tarifário dos EUA é mais que uma paulada na economia brasileira: é a consagração de nossa irrelevância regional. E, como se já não bastasse a desindustrialização crônica e a dependência do agro, agora ainda somos punidos por tentar brincar de Itamaraty no quintal do Tio Sam. O que era SAFTA virou piada — e os vizinhos, em vez de formar um bloco, correm para negociar acordos bilaterais, numa orgia neoliberal de salve-se quem puder. A utopia do continente unido virou distopia mercadológica. Trump quer o continente em frangalhos. E Lula? Ainda sonha com a ALBA.
Leo Dias sai do SBT pela porta dos fundos (mas com selfie): depois de perder o Fofocalizando, jornalista ganha novo talk show e novo figurino, talvez menos platinado
Após dois anos no SBT, Leo Dias descobriu que ser o maior fofoqueiro do país não é suficiente para garantir um aumento — nem um banquinho cativo no sofá da emissora das filhas do falecido Silvio Santos. Foi desligado “consensualmente”, aquela expressão que significa “te demitimos com educação porque sabemos que você tem seguidor demais para brigar”. A verdade é que Leo queria mudanças no “Fofocalizando”, como se o programa pudesse mesmo evoluir de um desfile de memes com glossário da Caras. Rejeitado no SBT, ele já encontrou novo lar: a Band, que agora investe no formato entrevistas sérias com celebridades, à la Marília Gabriela. A pergunta que fica: as celebridades vão aguentar sentar diante de um entrevistador que já sabe mais da vida delas do que seus próprios maridos? Esperamos respostas, de preferência com escândalos. A TV brasileira continua sendo esse eterno looping entre decadência e reinvenção com cenário espelhado.
Um tiro no peito da humanidade: colono israelense mata ativista palestino vencedor do Oscar, e o mundo reage com hashtags e lamentações diplomáticas
Odeh Hathalin, educador, tradutor, pai, ativista e colaborador do documentário Sem Chão — que venceu o Oscar de Melhor Documentário este ano — foi assassinado com um tiro no peito por um colono israelense na Cisjordânia. Yinon Levi, já sancionado por metades do Ocidente e protegido pela outra metade, aparece atirando em vídeo divulgado nas redes sociais. A morte de Hathalin é só mais um capítulo do massacre burocratizado que virou o cotidiano palestino: expulso, demolido, silenciado. A ironia trágica? Um filme que denunciava a violência colonial termina perdendo um de seus protagonistas para a mesma violência. Hollywood aplaudiu. A França protestou. Israel seguirá impune. O apartheid avança ao som de discursos moderados e condolências protocolares. E o mundo, claro, já se prepara para a próxima cerimônia de premiação com um novo “No Other Land”. Enquanto isso, as balas seguem sem legenda nem trilha sonora.
Bagdá, 762 d.C., Almançor e a obsessão por mudar capital: do esplendor abássida à Brasília de barro e concreto
Em 762, o califa Almançor fundava Bagdá como capital do império abássida — cidade planejada, redonda, com muralhas e ambições infinitas. A ideia era clara: sair da sombra dos omíadas e inaugurar um centro cultural, científico e administrativo que fizesse o mundo muçulmano girar em torno de uma nova estrela. Séculos depois, seguimos repetindo o gesto, só que com menos caligrafia e mais concreto armado. Brasília, por exemplo, nasceu do mesmo impulso: um poder que queria ser moderno e simbólico. A diferença? Bagdá prosperou e virou centro da ciência medieval. Brasília virou piada entre os próprios brasilienses. A cidade planejada é sempre o sonho molhado de todo governante com delírios de grandeza e orçamento disponível. Almançor teve astrônomos. Já nós temos consultores de licitação e lobby imobiliário. E assim, entre califas e caciques, vamos fundando cidades e desfazendo civilizações.

Katy Perry, Trudeau, jantares e corações partidos: quando a política e o pop viram reality show gourmet de lagosta e flerte canadense
Katy Perry, recém-solteira após o fim de um noivado que já durava mais que a maioria dos casamentos modernos, foi flagrada jantando com Justin Trudeau, também recém-desempregado da política canadense. O encontro, regado a lagosta e olhares inclinados sobre a mesa, fez o TMZ tremer. Trudeau, ex-primeiro-ministro e filho da aristocracia liberal canadense, parece ter descoberto que há vida após Ottawa — e ela envolve divas pop e coquetéis artesanais. Perry, por sua vez, talvez esteja flertando com a ideia de um novo “Boy Political”. A mesa foi discretamente vigiada por seguranças, mas nem eles impediram os cliques. Fato é: quando a estrela do pop encontra o herdeiro da política progressista para jantar fora, o mundo para. O problema? Com a vida pública virando episódio de reality, o que era bastidor agora é marketing. E o que era romance… é só mais uma manchete gourmetizada.

Lula veta ‘jabuti’ Legislativo e salva a reputação penal do Brasil por um fio (ou cabo de telefonia): quando a corrupção quis se disfarçar de furto
Lula vetou, nesta terça-feira (29), uma proposta do Congresso que reduziria a pena mínima para crimes de lavagem de dinheiro. O projeto, supostamente voltado para endurecer penas contra quem furta cabos de energia, veio recheado daquele tradicional “jabuti” Legislativo — uma inserção sorrateira, sorridente e absolutamente fora de contexto. A ideia era baixar discretamente a pena mínima da lavagem de dinheiro, o crime favorito de colarinho branco, para apenas dois anos. A justificativa? Nenhuma. A real intenção? Talvez ajudar amigos, colegas e patrocinadores enrascados. Lula, orientado pelo Ministério da Justiça, vetou. E, num raro momento de lucidez institucional, o veto segurou o tranco. Mas que fique claro: no Congresso, ainda se legisla com o cinismo de quem escreve manchete para ser esquecida. E no Brasil, até o furto de cabos carrega um lobby invisível. A única corrente que permanece intacta por aqui é a da impunidade — de alta tensão e baixa vergonha.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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