Maomé, Paramount, Louis Réard…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Val Marchiori, Bradesco, Porsche e o milagre da multiplicação da dívida: de R$ 15 mil para R$ 2,6 milhões, e ainda teve gente achando que era ostentação
Ela não gosta de ser chamada de socialite, mas o cartão de crédito diz o contrário. Val Marchiori, rainha dos cabelos platinados e das frases motivacionais emolduradas por taças de espumante, agora tem outro troféu para pendurar na parede: uma dívida de R$ 2,6 milhões com o Bradesco. A origem da pendenga? Um cartão de crédito usado com tanta fé que a defesa do banco chegou a usar a palavra “estelionato”. Val até tentou fazer um acordo modesto — módicos R$ 15 mil — mas a juíza, talvez por estar em dia com a calculadora, preferiu seguir a matemática. Resultado: a Justiça autorizou o segundo leilão do Porsche da ex-musa das madrugadas da RedeTV!. Val, que jura de pé junto que não deve nada e que tudo não passa de um mal-entendido financeiro, agora recorre, enquanto os advogados do banco provavelmente passam o Réveillon com champanhe comprado no próprio cartão da Valdirene. É o Brasil, onde dívida com banco é quase poesia: cresce, rima e quase sempre termina em carro de luxo indo a leilão judicial.
Charge turca une Maomé e Moisés em céu de chumbo e termina em pedras, bombas de borracha e jornalistas presos por desenhar errado
A charge que deveria ser uma reflexão sobre o inferno em Gaza virou uma entrada direta no purgatório político turco. Quatro funcionários da revista LeMan foram presos por desenhar anjos — repito, anjos — que diziam se chamar Maomé e Moisés. O governo de Erdogan, em sua já tradicional cruzada contra o bom senso, viu aí uma incitação ao ódio religioso. A redação foi atacada por fanáticos, um bar foi depredado (sim, porque onde tem charge, tem cerveja) e a polícia respondeu com bombas de borracha — esse eufemismo moderno para “espancamento com método”. A LeMan, conhecida por fazer humor mesmo quando ninguém mais tem coragem, nega qualquer referência ao profeta. Mas, no país onde desenhar pode ser mais perigoso do que explodir, o lápis vira arma e o Estado vira borracha — daquelas que apagam liberdade de expressão com requintes de violência e paranoia teocrática.

Paramount paga R$ 87 milhões para Trump parar de reclamar e transformar corte de entrevista da Kamala em biblioteca presidencial (com sessão de vitimização incluída)
Donald Trump pode não ter voltado à Casa Branca (pelo menos no espírito ainda está como candidato mesmo sendo presidente de corpo presente), mas segue decorando o tribunal como se fosse escritório pessoal. Desta vez, a CBS News, braço da Paramount, resolveu tirar da frente um processinho de US$ 20 bilhões (!) movido por Trump, que alegava ter sido prejudicado quando o 60 Minutes cortou trechos embaraçosos de Kamala Harris. O acordo? Um cheque de US$ 16 milhões para a futura biblioteca presidencial — porque até na birra, o ex-presidente que se tornou novamente atual é institucional. A CBS não pediu desculpas, mas prometeu liberar transcrições futuras (grande vitória para o clube dos paranoicos com edição). Trump comemorou como se tivesse acabado com o fake news, embora o resto do mundo siga editando tudo, inclusive o próprio Trump. A Paramount, por sua vez, preferiu pagar e seguir, porque, convenhamos, lidar com ego de bilionário é caro — mas lidar com Trump litigante é insuportável.
No princípio era o maiô, e eis que Louis Réard disse: haja biquíni! O dia em que a civilização decidiu expor o umbigo sem culpa
Foi em 5 de julho de 1946 que o francês Louis Réard resolveu tirar um pedaço do maiô e, com um toque de ousadia e olho em Copacabana, apresentou ao mundo o biquíni. Paris assistiu à revelação com escândalo e excitação, como tudo que envolve pele e costura. O nome, escolhido em homenagem ao Atol de Bikini (onde os EUA testavam bombas nucleares), foi uma sugestiva promessa: isso vai explodir. E explodiu mesmo. Desde então, o biquíni virou símbolo de liberdade, verão, pecado, revolução estética, apropriação cultural e muitas discussões sobre centímetros de pano versus moralidade. Hoje, ele é usado da Croácia à Cracolândia, em praias, editoriais de moda e realities shows que se passam em fazendas. O biquíni nasceu francês, mas foi naturalizado brasileiro com tanto fervor que parece ter sido parido entre uma feijoada e um desfile de escola de samba. E pensar que tudo começou com uma mulher corajosa numa piscina parisiense e um estilista que acreditava no poder da barriga de fora.

Velvet Sundown, IA, Spotify e o caso do porta-voz que nunca existiu: quando a farsa é mais interessante que a banda (e que a música)
O mundo ainda tenta entender o que, afinal, é a banda Velvet Sundown. Mas uma coisa é certa: Andrew Frelon, o homem que dizia ser o porta-voz do grupo, não é da banda, nunca foi e talvez nem exista. Depois de dar entrevista à Rolling Stone e criar alvoroço sobre o uso de IA para compor músicas via Suno, ele revelou no Medium que tudo foi “uma farsa voltada à mídia”. A verdadeira Velvet Sundown — se é que existe algo “verdadeiro” nesse teatro pós-moderno — diz que Frelon é um impostor, e que seu projeto é “multidisciplinar”, “especulativo” e “analógico” (tradução: ninguém entende nada, mas soa profundo). No X (Twitter), a conta da banda pediu reportagens baseadas em “fontes verificáveis”, como se isso ainda existisse em 2025. Com 850 mil ouvintes no Spotify e um mistério maior que o da identidade do tecladista do Daft Punk, a Velvet Sundown virou ícone da era em que não se sabe mais se a música é feita por pessoas, bots, ou apenas pelo algoritmo da próxima mentira convincente.
STF, INSS e a mágica do ressarcimento: Governo devolve R$ 2 bi que nunca deveria ter tirado, e chama isso de vitória histórica (aplausos, por favor)
Depois de descontar mensalidades indevidas de 2,1 milhões de aposentados e pensionistas, o Governo Lula agora comemora… a devolução do que não era seu. O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, anunciou em “A Voz do Brasil” que os pagamentos começam no fim do mês, graças a um acordo chancelado pelo STF. E, num espetáculo digno de auditório de domingo, ele chamou a decisão de “uma grande vitória do Governo”. Detalhe: o dinheiro já era dos aposentados. O acordo, segundo o próprio ministro, foi necessário para “agilizar” o ressarcimento e evitar “judicialização” — eufemismos para “não temos estrutura para resolver nem quando estamos errados”. A cereja do bolo: os bilhões devolvidos não entram no cálculo do arcabouço fiscal, como se devolver o que se tomou indevidamente fosse um ato de generosidade. Sequestro institucional seguido de devolução com marketing governamental: essa é a nova definição de “ganhar com humildade” no Brasil.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.




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