Renato Russo, Revolução, EUA…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Romeu Zema, Renato Russo, Giuliano Manfredini e a ilusão de que “Que País é Este?” era karaokê gratuito para políticos em campanha eleitoral
Quem diria que o liberal Romeu Zema, aquele que tenta parecer um administrador moderno com sotaque mineiro carregado de planilhas no bolso, cairia na mais básica das ciladas brasileiras: achar que música da Legião Urbana é patrimônio público, tipo samba no Carnaval ou meme de internet. No lançamento de sua pré-candidatura presidencial em São Paulo, Zema mandou tocar, com pompa e circunstância, “Que País é Este?”, aquela canção que soa como hino indignado em botecos e protestos estudantis, mas que tem dono — e o dono não é o governador. Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo e guardião da marca Legião Urbana, foi rápido no gatilho: denunciou a violação de direitos autorais e exigiu que Zema e seu partido parem de usar a música como se fosse brinde em festa de república universitária. Zema deve ter pensado que usar a canção era um atalho para parecer “indignado com o Brasil”, mas acabou soando como político que lê o manual “Campanha para Principiantes”. Se Renato Russo estivesse vivo, talvez apenas ironizasse: “Que país é este? É o mesmo em que até para roubar refrão precisa-se de autorização”.

Revolução Francesa, Direitos do Homem, 1789, guilhotinas afiadas e a eterna dúvida: será que os franceses não estavam apenas inventando a hashtag #LiberdadeIgualdadeFraternidade?
Em 26 de agosto de 1789, a Assembleia Nacional Constituinte aprovava a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Foi um sopro de universalidade, uma tentativa de colocar ordem na balbúrdia revolucionária e criar um manual de convivência mais refinado que as regras de etiqueta de Versailles. De repente, os súditos viraram cidadãos, e a noção de direitos passou a ser proclamada como universal — embora, convenhamos, universalidade em 1789 significava “homens brancos com posses”. A França, sempre teatral, deu ao mundo um texto que virou modelo, ao mesmo tempo em que afinava a lâmina da guilhotina para quem ousasse discordar da nova moral. Hoje, a Declaração é citada em discursos solenes da ONU, em redações do Enem e até em brigas de condomínio, como se fosse cláusula pétrea do contrato social global. O detalhe cômico é que, passados 236 anos, ainda discutimos se esses direitos são mesmo universais ou se dependem do CEP, do passaporte e da paciência do ministro da Suprema Corte do dia.

Vera Fischer, 73 anos, um flerte aqui, um “não vou jantar com você” ali e a revelação definitiva: preferir homem pobre pode ser o novo luxo da maturidade
Quem diria, o furacão Vera Fischer decidiu soprar mais leve. Aos 73 anos, a atriz confessa que já foi frenética, mas agora prefere o silêncio caseiro — de preferência sozinha, como uma monja glamorosa com batom Chanel. Só abre exceções quando está em cartaz no teatro, como na peça “O Casal Mais Sexy da América”, recém-estreada em São Paulo. Solteira, admite que ainda gosta de um flerte, mas sem compromissos. “Se chamar para jantar, não vou”, disse rindo. Vera também derrubou boatos com a naturalidade de quem já ouviu de tudo: “Ah, ela casou com um bilionário”. Pura ficção, diz. Sua preferência é clara: gosta mesmo é de homem pobre. O que, num país em que a maioria é pobre, significa que a atriz permanece democrática e com um campo de seleção vastíssimo. Vera Fischer, de certa forma, reinventou o conceito de independência: nem sozinha demais, nem acompanhada demais, mas sempre na medida exata para manter viva a lenda de que a beleza pode até envelhecer, mas a ironia nunca perde o brilho.
Jair Bolsonaro, Alexandre de Moraes, prisão domiciliar e a descoberta tardia de 55% dos brasileiros de que justiça, às vezes, também pode ser delivery
A novela política brasileira ganhou mais um capítulo com a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, determinada por Alexandre de Moraes. E, segundo pesquisa Quaest, a maioria dos brasileiros achou justo: 55% apoiam, contra 39% que consideram injusto. Os números dizem muito sobre o país: o bolsonarismo, fiel e ressentido, vê perseguição em cada tornozeleira eletrônica; já os lulistas e simpatizantes vibram como se fosse capítulo de novela das nove. Curioso é que 84% da população sabe que Bolsonaro está em prisão domiciliar — prova de que o brasileiro pode ignorar economia, ciência e literatura, mas nunca deixa passar uma fofoca política. A medida foi vendida como punição por descumprimento de cautelares, mas soa mais como metáfora: Bolsonaro está preso em casa, como qualquer brasileiro médio durante a pandemia, só que sem live diária para fingir que governa. O Brasil, afinal, é um reality show onde o “paredão” pode vir de toga preta.
Alexandre de Moraes, Lei Magnitsky, Estados Unidos e a estranha sensação de que até os gringos agora acham divertido brincar de polarização tupiniquim
Quando o governo americano resolveu aplicar a Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, acusando-o de violações aos direitos humanos, o Brasil parou para discutir se isso era sério ou apenas cosplay de Guerra Fria. A Quaest foi medir o termômetro: 49% consideram injusta a punição, 39% apoiam e 12% ficaram na dúvida. Resultado: Moraes conseguiu algo raro — ser ao mesmo tempo vítima e vilão, dependendo da lente ideológica. Para os bolsonaristas, virou troféu moral: se até os EUA sancionaram, deve ser porque “tá certo”. Para a esquerda, foi ingerência imperialista, mais uma demonstração de que os gringos só respeitam democracia quando lhes convém. No fundo, o episódio revela uma verdade incômoda: o Brasil é tão caótico que até Washington se mete em nossa briga interna, como vizinho que escuta discussão de casal pela janela e resolve ligar para a polícia. O problema é que, nesse caso, a polícia é a Casa Branca.
Geraldo Alckmin, tarifas americanas, crise comercial e a paciência paulista transformada em discurso: “não vai cair o mundo, só o faturamento”
Enquanto os Estados Unidos impõem tarifas de 50% sobre exportações brasileiras, Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, surge como o bom tio de sempre: calmo, professoral, otimista quase constrangedor. “Vai passar”, disse, lembrando que na década de 1980 os EUA compravam 24% das exportações brasileiras, e hoje apenas 12%. O impacto? Apenas 3,3% do total, segundo ele. Ou seja, nada que impeça o almoço, apenas atrapalha o jantar. Mas quando a tarifa atinge manufaturados como máquinas e têxteis, a história complica: realocar esse mercado não é como trocar fornecedor de café. Alckmin insiste que o Governo vai negociar, reduzir alíquotas e buscar outros mercados. O tom é de quem repete a lição de casa em tom baixo para acalmar a turma. O Brasil pode até não desabar, mas setores da indústria já sentem o chão balançar. No fim, Alckmin parece aquele médico que, diante da fratura exposta, diz: “Não vai cair o mundo. É só botar um gesso”.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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