Rolling Stones, Ye Ye, Tigrinho…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Padilha: Saúde, Sesc e o milagre da multiplicação dos jetons
Alexandre Padilha, ministro da Saúde, anda praticando um outro tipo de cirurgia: a plástica nos contracheques. Sem nunca ter pisado para trabalhar no Ministério da Gestão e Inovação de Esther Dweck, o doutor conseguiu nomeação como representante dela no Conselho Fiscal do Sesc. E lá, a cada reunião, pinga na conta um mimo de R$ 5,35 mil. Com limite de seis por mês, pode embolsar R$ 32,15 mil extras — o que dá quase um novo ministro inteiro no contracheque. Em apenas quatro meses, Padilha já botou no bolso R$ 114,48 mil em jetons, dinheiro suficiente para pagar um bom plano de saúde privado (o que é recomendável, já que a saúde pública que ele gerencia não inspira confiança nem para quem assina as portarias). No Governo Federal, jeton virou suplemento vitamínico. Ministro sem jeton é ministro subnutrido.
O sósia de Lula e a teoria da mão fantasma
Depois do “Foro de São Paulo”, da “Nova Ordem Mundial” e das antenas 5G controladas por Bill Gates, o bolsonarismo finalmente atingiu seu chef-d’œuvre na categoria “delírios gourmet”: agora acreditam que Lula foi substituído por um sósia. Provas? Fotos em que Lula aparece com a mão esquerda inteira — incluindo o mindinho, que ele perdeu nos tempos de torneiro. As imagens, claro, têm dedo (literalmente) da computação gráfica. Em grupos de WhatsApp, a conspiração já tem roteiro: a CIA clonou Lula, o sósia foi treinado em Cuba e faz reuniões secretas com Janja e com Xi Jinping. Enquanto isso, o verdadeiro está exilado em Maricá, usando uma tornozeleira eletrônica camuflada de Havaianas. O bolsonarismo é hoje um reality show dirigido por roteiristas bêbados.

Ye? Não. Agora é Ye Ye. Próximo passo: Ye Ye Ye
Kanye West — ou Ye — resolveu que um nome só era pouco. Agora, oficialmente, ele é “Ye Ye”, porque uma identidade só não basta para quem já vive entre o estrelato, o transtorno bipolar e o cancelamento eterno. Documentos na Califórnia mostram que as empresas de West, como Yeezy Apparel e Yeezy Records, já registraram a nova alcunha. Próxima etapa deve ser Ye Ye Ye, numa clara homenagem a Rita Lee ou talvez aos Beatles, mas vai saber. Enquanto isso, ele segue calado sobre o assunto, uma façanha para quem usa redes sociais como quem deixa bilhete em porta de geladeira. Os advogados devem estar ocupados: mudar de nome no cartório é fácil; difícil mesmo vai ser mudar de reputação. Para quem já brigou com a Adidas, com a Def Jam e com o senso comum, virar Ye Ye é quase um descanso.

Para quem achava que o rock estava morto, informamos: ele só está aposentado.
“(I Can’t Get No) Satisfaction”, a faixa que transformou os Rolling Stones em deuses pagãos da música pop, completa 60 anos de estreia hoje. Isso mesmo: seis décadas desde que Mick Jagger, Keith Richards e companhia decidiram reclamar oficialmente que não conseguiam satisfação alguma — nem com publicidade, nem com mulheres, nem com consumo. Irônico: hoje a música virou trilha sonora de propaganda de perfume caro e carro SUV de playboy. Mas vale a lembrança: em 12 de junho de 1965, a faixa estreava nos Estados Unidos e dali para frente o mundo nunca mais foi o mesmo (ou pelo menos, nunca mais foi tão comportado). Jagger continua por aí, pulando de um lado pro outro como um vovô em looping energético. Satisfaction, eles podem até não ter encontrado — mas dinheiro, fãs e longetividade, esses acharam de sobra.
Feminicídios no Brasil: país insiste na barbárie
Enquanto Brasília discute quem fatura mais em conselho fiscal e redes sociais especulam sobre dedos fantasmas de presidentes, o Brasil de verdade continua matando mulheres. O Mapa da Segurança Pública de 2024 trouxe o tipo de notícia que ninguém quer ler, mas que deveria estampar outdoor: feminicídios voltaram a crescer e chegaram ao maior número da série histórica. Quatro mulheres assassinadas por dia — quatro histórias interrompidas, quatro lares destruídos, quatro silêncios constrangedores. Foram 1.459 assassinatos por serem mulheres. O Centro-Oeste segue campeão dessa tragédia, com taxas acima da média nacional. Não bastasse, o país também viu os casos de estupro baterem recorde: mais de 83 mil. Em Rondônia, quase uma a cada 100 mulheres foi estuprada em um ano. E qual a resposta oficial? Debate sobre armas, piada em podcast, emoji no X. O Brasil precisa urgente de um Plano Nacional contra a Misoginia. Mas parece que preferem um novo Conselho Fiscal.
CPI do Tigrinho: caça-níqueis são o novo inimigo público
No país onde narcotraficantes viram celebridade e pastor televangelista ostenta jatinho, o novo vilão nacional é o… “Jogo do Tigrinho”. Foi isso que descobriu a CPI das Bets, relatada pela senadora Soraya Thronicke, que decidiu mirar sua indignação moral nos caça-níqueis online. É curioso como, no Brasil, crime de colarinho branco quase nunca dá cadeia, mas se você girar um caça-níquel virtual, vira inimigo do Estado. Soraya, sensata em parte, disse ser a favor das apostas esportivas (afinal, rendem rios de dinheiro para clubes e políticos), mas quer banir o slot eletrônico. De fato, vicia, empobrece e destrói famílias — como o próprio Congresso, aliás. Para compensar o ataque ao Tigrinho, a CPI sugeriu 20 novas regras e crimes, incluindo a criação de um “plano de monitoramento”, que deve funcionar tão bem quanto senha de Wi-Fi em aeroporto. Moral da história: tigrinho, não pode. Megaloteria estatal com prêmio acumulado? Pode, e com comercial no intervalo do Jornal Nacional.
Xania Monet, Abbey Road, PL...
setembro 25, 2025Cat Stevens, Senado, Meca...
setembro 24, 2025Vale Tudo, Lawfare, ONU...
setembro 23, 2025Google IA, SAFs, Mounjaro...
setembro 22, 2025Ciro Gomes, Cannes, Pressão...
setembro 20, 2025Jimmy Kimmel, CBF, terremoto...
setembro 19, 2025Vaticano, TV Tupi, CNPJ...
setembro 18, 2025Charlie Kirk, Mercosul, F-35...
setembro 17, 2025Fux, Mahsa Amini, CPMI...
setembro 16, 2025Junk food, Itaú, Khrushchev...
setembro 15, 2025Marco Rubio, Mauro Cid, Oslo...
setembro 13, 2025Bets, Allende, Lisa Cook...
setembro 11, 2025
Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
Facebook Comments