Stevie Nicks, Lei Magnitsky, Sesi…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
COP30: de Belém para lugar nenhum com escalas em Manaus, Davos, Maracanã e no camarim do Chico Buarque
Depois de vender Belém como a capital da salvação climática da humanidade, agora o Governo brasileiro enfrenta um fenômeno climático pouco previsto: a tempestade diplomática. Com a cidade esgotada antes mesmo de começar, cogita-se transformar a COP30 numa espécie de micareta ambiental com palcos espalhados — começando por Manaus, porque alguém lembrou que é ali que tem um pedaço razoável da tal Amazônia. A ideia é descentralizar. O nome técnico seria “spin off”; o nome político é “socorro, deu ruim”. A logística da mudança é descrita como “sem grandes contorcionismos”, o que, vindo de Brasília, significa que será um inferno com direito a jatinho fretado e selfie no saguão do hotel. O Governo sonha em transformar a COP num Davos tropical, onde o aquecimento global divide espaço com painéis sobre bioeconomia, poesia, tapioquinha e business class. Lula, sempre visionário, já teria convidado Chico Buarque para cantar “Construção” enquanto o mundo desaba. Gilberto Gil será o xamã oficial. O Brasil quer mostrar ao mundo que sabe destruir florestas com ritmo, charme e curadoria artística. Os eventos paralelos — tipo feira de negócios, painéis sobre ESG e a distribuição de açaí orgânico com colherzinha de bambu — serão fundamentais. A floresta que lute.

Sesi investe R$ 30 milhões em “Mundo da Lua”, mas audiência prefere o mundo real com boletos, pix e streaming pirateado
O Sesi botou R$ 30 milhões em uma nova versão do clássico “Mundo da Lua”, achando que ia reconectar a infância dos anos 90 com os neurônios derretidos da Geração TikTok. Resultado: audiência míope, meio ponto na Grande São Paulo e um suspiro no YouTube (o primeiro capítulo teve o que se pode chamar caridosamente de “visualizações simbólicas”). A ideia de divulgar uma série nova apenas na TV Cultura soa como tentar vender guarda-chuva no Saara, mas com panfleto em braile. Os marqueteiros da emissora parecem ter esquecido que o Brasil já saiu da infância e agora vive na adolescência eterna, viciada em dancinha e teoria da conspiração. Antônio Fagundes está ótimo, como sempre — o que nos leva à constatação dolorosa de que o resto da produção é tão morna que nem Fagundes salva. Especialistas já sugerem divulgar a série em locais inusitados, como festas rave, igrejas neopentecostais ou grupos de WhatsApp da família, onde qualquer vídeo tem mais chance de viralizar. Afinal, como competir com um país que acha que a Terra é plana, mas não vê graça em uma criança sonhadora com gravador?
Stevie Nicks fratura o ombro e interrompe turnê, provando que a única coisa mais frágil que as lendas do rock é o calendário dos fãs
Stevie Nicks, a bruxa favorita da música pop, fraturou o ombro e colocou sua turnê em pausa — não por questões espirituais ou climáticas, mas por puro osso quebrado mesmo. A cantora anunciou que os shows de agosto e setembro foram adiados para novembro e dezembro. Com sorte, ela não tromba com o Natal e o Réveillon. As datas de outubro, no entanto, permanecem intactas, como se o universo dissesse: “vai, mas vai com calma”. Os fãs, que compraram ingressos com meses de antecedência, agora vão ter que reorganizar voos, hotéis e, quem sabe, suas vidas. No Instagram, Stevie foi fofa: pediu desculpas e disse que espera ver todos em breve. Quem comprou ingresso no cambista, claro, esperava mais que um emoji de coração. O episódio serve de lembrete cruel de que até as lendas do Fleetwood Mac têm ossos mortais. Enquanto isso, no Brasil, fãs de Sandy & Júnior ainda aguardam com esperança o retorno de 2002. A pergunta que fica é: com o ombro lesionado, será que Stevie consegue girar a tamborim de penas? Esperamos que sim, senão metade do encanto místico evapora.

Beirute, 2020: cinco anos da explosão que ensinou o mundo que deixar 2.750 toneladas de nitrato de amônio em um armazém não é exatamente uma boa ideia
No dia 4 de agosto de 2020, o Líbano explodiu — literalmente. A explosão em Beirute foi tão devastadora que nem Michael Bay teria ousado dirigir. Foram 218 mortos, 7 mil feridos e um governo que até hoje parece se perguntar quem, afinal, largou um depósito de nitrato de amônio no meio da cidade como se fosse saco de farinha vencida. Cinco anos depois, a justiça libanesa continua procurando culpados com o entusiasmo de quem procura chave de casa em uma cratera. O caso virou símbolo internacional da combinação fatal de negligência, corrupção e burocracia. O Líbano, que já tinha tudo para dar errado, apenas confirmou expectativas. A explosão virou metáfora para países inteiros que estão sentados sobre barris de pólvora — às vezes literalmente, outras só figurativamente, como o Brasil. O mundo aprendeu algo com Beirute? Claro que não. Armazéns continuam estocados com o imprevisível, governos seguem inertes e a população, como sempre, paga a conta. No fim, o que resta é a imagem apocalíptica da nuvem em forma de cogumelo e a certeza de que nada é tão perigoso quanto a soma entre descaso e incompetência.
Alexandre de Moraes entra na Lei Magnitsky: Brasil exporta juízes e recebe sanções no lugar de café
Alexandre de Moraes acaba de ser carimbado com a Lei Global Magnitsky, uma honraria americana geralmente reservada a torturadores, cleptocratas e ditadores que usam terno Armani com sapato de sangue. O problema? Moraes é ministro do Supremo. Sim, o mesmo tribunal que julga habeas corpus e manda tirar vídeo de TikTok do ar. As sanções aplicadas pelo governo Trump são aquelas que ninguém quer ganhar: exclusão do sistema bancário americano, bloqueio de bens e um convite vitalício para não pisar nos EUA. Só isso. O curioso é que Moraes não se encaixa no perfil padrão da lista — ele não lidera um cartel, não comanda uma ditadura e, até onde se sabe, nunca lançou foguetes contra ninguém. Mas a medida, altamente política, dispensa lógica jurídica. Especialistas explicam que, mesmo se a sanção for revertida um dia (e esse dia pode nunca chegar), seus efeitos colaterais são duradouros: tipo herpes diplomática. Enquanto isso, a diplomacia brasileira finge que é tudo normal e torce para que ninguém mais seja premiado com essa versão internacional do “cancelado com CPF”. O Supremo, por sua vez, deve avaliar se responde com silêncio institucional ou nota de repúdio em latim.
Trump taxa, Haddad desdobra: comida da merenda pode virar refugo gourmet com selo “sobrou do Tio Sam”
Com o apetite tarifário de Donald Trump voltado contra os alimentos brasileiros, o Governo resolveu agir — ou melhor, remendar. O ministro Fernando Haddad propôs uma gambiarra legislativa que permita a estados como o Ceará comprar exatamente os produtos que os EUA não querem mais: milho, feijão, talvez até picanha, se sobrar. O argumento é nobre: salvar a merenda escolar. A prática, porém, lembra aquele tio que reaproveita o arroz de ontem dizendo que é “risoto rústico”. A mudança exige alteração na Lei Federal, e Haddad garantiu que não vai deixar a microeconomia à míngua. Macroproblemas? Deixa pra depois. A nova proposta pretende burlar a lógica dos pregões eletrônicos e dar preferência a alimentos que seriam exportados, mas agora vão parar na bandeja das crianças. Com um pouco de sorte e muita criatividade, dá até para criar um novo selo: “comida sancionada gourmet”. O Brasil, mais uma vez, responde a sanções com burocracia e improviso. Se der certo, quem sabe não vira modelo para o mundo: quando a geopolítica te der limões, sirva na merenda. E torça para que as crianças gostem de suco de imposição tarifária.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.




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