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Tarifas, Sam Smith, Bolcheviques…

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Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.

Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.

Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.

Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.

Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.

Intervenção no Rio: Planalto pensa, opina, chora, recua, discursa e conclui que violência no Brasil não segue roteiro nem tem final feliz

Lula tem sido aconselhado a decretar intervenção federal na segurança pública do Rio. A ideia retorna à mesa como visita de parente que ninguém quer, mas que insiste em aparecer no almoço de domingo. O problema é que a história brasileira já viu essa novela, e ela terminou mal, caro leitor — lembramos 2018, quando a intervenção parecia a grande resposta mágica e entregou apenas mais estatísticas trágicas, mais militares constrangidos e nenhuma solução estrutural. No Planalto, há um medo compreensível: qualquer ação pode virar uma carnificina descontrolada que transformaria o Governo no protagonista de um filme que ninguém quer dirigir — aquele em que a polícia não sabe quem está matando quem, e os culpados se dissolvem num nevoeiro tropical de silêncio oficial. A ala contrária à intervenção argumenta o óbvio que leva décadas para ser aceito: a guerra é incontrolável — e pior, televisiva. O medo é que o Governo vire responsável pela contabilidade macabra: quem matou? Quem morreu? Quem decidiu? E por que o Estado insiste em acreditar que violência se resolve com mais violência? Para completar o enredo, o Rio permanece laboratório involuntário de políticas públicas que chegam como remédios vencidos: dolorosos, caros e sem bula.

Lula na Cúpula do Clima em Belém descobre que salvar o planeta dá trabalho, discurso bonito dá ibope e que a Amazônia segue sendo altar simbólico do mundo

Lula discursou na abertura da sessão plenária da Cúpula do Clima em Belém afirmando o óbvio que os poderosos fingem não entender: interesses imediatistas continuam atropelando o bem comum ambiental. O presidente tentou costurar poesia política ao lembrar que pessoas não entendem quantos gigatons de carbono existem na atmosfera, mas entendem pulmão ardendo, enchente invadindo casa, seca destruindo colheita. Nessa fala, Lula voltou à sua melhor vocação: contador de histórias que fazem política parecer parte da vida real. Porém, entre discurso e prática, há uma floresta de contradições — inclusive dentro do próprio Governo, ainda dividido entre proteger e explorar a Amazônia dependendo da semana. A COP sediada na Amazônia é gesto potente, quase litúrgico: colocar o altar ambiental no coração da floresta, e não em hotel climatizado na Europa. Mas simbolismo sem política vira souvenir. Ao pedir menos dinheiro em armas e mais dinheiro em reflorestamento, Lula acerta no imaginário, mas ainda precisa acertar no orçamento. A floresta não entende metáforas — ela responde a motosserras e satélites.

Sam Smith, autoestima, corpo, lipo, bullying, fama global e a grande tragédia moderna: o corpo como campo de batalha permanente e monetizável

Sam Smith revelou mais detalhes da tortuosa relação com o próprio corpo, da adolescência marcada por bullying à cirurgia precoce de lipoaspiração que, segundo elE, “não resolveu nada”. O relato é íntimo, doloroso, real — e absolutamente contemporâneo. Vivemos numa era em que ser famoso é quase sempre sinônimo de ser visível em todas as direções: amado, criticado, analisado, dissecado, memeado. Smith, que passou anos usando uma bandagem como se fosse armadura emocional, entendeu tarde que o problema nunca esteve no corpo, mas na lógica esmagadora de uma indústria que exige perfeição estética e vende sofrimento como jornada inspiradora. A reviravolta, felizmente, ocorreu: hoje Smith assume o próprio corpo como quem assume trincheira de liberdade — e posa sem camisa na capa de “Gloria” como carta de emancipação pública. A história é ao mesmo tempo linda e trágica porque expõe um paradoxo cruel: todos celebram “autoaceitação”, mas só aplaudem quando ela vem acompanhada de narrativa heroica e luz de estúdio. Talvez o verdadeiro escândalo seja esse: não é o corpo, mas o fato de que o mundo ainda exige justificativa para existir nele.

Sam Smith revelou mais detalhes da tortuosa relação com o próprio corpo (Foto: Wiki)
Sam Smith revelou mais detalhes da tortuosa relação com o próprio corpo (Foto: Wiki)

Revolução Bolchevique faz aniversário: Lenin segue morto, mas sua sombra continua viva, cheia de fãs, haters e discursos prontos para qualquer timeline

Em 7 de novembro de 1917, a Rússia decidiu virar a mesa do banquete imperial e inaugurar o século das grandes promessas revolucionárias, do socialismo de Estado e dos slogans que até hoje movimentam timelines e debates intermináveis em mesas de bar universitário. A Revolução Bolchevique nasceu de uma mistura fascinante: fome, guerra, desigualdade, industrialização tardia e uma elite que jurava ter tudo sob controle — até não ter. Lenin, Trotsky e companhia prometeram um novo mundo; Stalin mostrou como se destrói um sonho com burocracia, paranoia e estatísticas de desaparecimento. Um século depois, seguimos discutindo a Rússia como quem comenta série de streaming: uns acham genial, outros acham horrível, ninguém concorda em nada. A Revolução permanece como ruína e monumento ao mesmo tempo, inspiração e aviso. Hoje, Moscou ostenta capitalismo de jaqueta preta, oligarcas com iates gigantes e nacionalismo turboalimentado. Mas o fantasma vermelho segue rondando — não como ameaça global apocalíptica, mas como lembrança incômoda de que, quando a desigualdade explode, o mundo realmente vira de cabeça para baixo. O século XXI, aliás, está tentando seu próprio roteiro, com menos panfleto e mais algoritmo.

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Governo tenta decidir quem manda nos minerais estratégicos enquanto Brasília prova que briga interna é energia renovável e inesgotável

O Brasil acordou com mais uma daquelas novelas institucionais que parecem nunca terminar: quem vai mandar nos minerais estratégicos do país? O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tenta concentrar poderes como se fosse o último alquimista interessado em transformar nióbio e terras raras em ouro diplomático perante Washington. Do outro lado, o Congresso — sempre ele, sempre ávido para provar que pode atrapalhar qualquer processo — tenta impor sua própria versão via PL 2.780/2024. A disputa é tão elegante quanto um jogo de queimada entre adultos ressentidos: quem pega a bola decide o destino da política nacional. Gleisi Hoffmann, citada como a grande articuladora, virou personagem central das queixas, como se ser articulador político fosse algo simples numa Casa onde todo mundo acha que é Maquiavel reencarnado com o WhatsApp na mão. Silveira se reuniu com o relator, mas tudo permanece igual: cada um segurando seu bastão de autor do grande projeto nacional, enquanto o país segue sem política de minerais estratégicos clara — e sem saber se quer agradar os EUA, a China, ou apenas continuar apostando em improviso. Brasília, no fim, é um espetáculo de vaidades em loop, que se renova como se fosse coaching motivacional para o próprio caos.

Trump suspende tarifas da China e chama acordo de “histórico e monumental”, provando que geopolítica às vezes é teatro com vibrador industrial ligado no máximo

Os Estados Unidos decidiram suspender por um ano o aumento de tarifas sobre produtos chineses, num acordo descrito por Trump como “histórico” — palavra usada tantas vezes que já perdeu sentido, como “inovador” em apresentação de startup. A China promete reduzir controles de exportação e aliviar pressão sobre terras raras, os EUA prometem respirar fundo e não apertar o gatilho da guerra comercial (por enquanto). É um abraço desconfiado entre duas potências que se amam e se odeiam, como casal que dorme em camas separadas, mas divide senha do streaming. O acordo é apresentado como solução elegante para desequilíbrios comerciais, mas sabemos: é trégua, não paz. Quem realmente ganha são as cadeias industriais que estavam surtando com insumos travados. Quem aplaude de pé? Corporações. Quem assiste em silêncio? Todo mundo que sabe que, no fim, qualquer “suspensão temporária” é só prelúdio do próximo capítulo do conflito global mais mal-humorado do século. O planeta, como sempre, segue espectador.

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