The Economist, Lula, Herzl…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Lula, a picanha e o milagre da multiplicação dos preços: novo levantamento revela que o único corte que baixou foi o da paciência popular
O Paraná Pesquisas — aquele instituto que não decepciona quando o assunto é criatividade estatística — resolveu medir a temperatura inflacionária na alma do brasileiro. Resultado? Sete em cada dez acham que a ida ao mercado está mais parecida com um assalto à luz do dia. Apenas 9,4% viram os preços diminuírem, possivelmente moradores de Nárnia. E a picanha, aquela estrela das promessas eleitorais, virou miragem: metade diz que ficou mais cara, enquanto só 17,9% crêem que barateou. Mas o momento auge da pesquisa vem com a pergunta que define o Brasil: “Você acha que até o fim do Governo Lula conseguirá comprar picanha e cerveja com mais facilidade?” 67,1% disseram “não”, outros 26,3% ainda acreditam no Coelhinho da Páscoa. O restante esqueceu onde guardou a esperança. Se havia dúvidas de que as promessas eleitorais envelhecem pior que banana no sol, está aí a estatística gourmetizada para provar.

O Brasil de Lula é ignorado no Oriente Médio e popular como unha encravada em casa: ‘The Economist’ abre o coração e fecha a esperança
A The Economist, aquela revista britânica que adora explicar o mundo enquanto toma chá, resolveu fazer um check-up na saúde política do Brasil — e o diagnóstico veio sem anestesia: Lula está impopular no próprio quintal e irrelevante no quintal alheio. A análise afirma que o presidente brasileiro ainda não se encontrou com Donald Trump — o que, claro, deve ser um crime geopolítico gravíssimo — e decreta que o Brasil, pasmem, “simplesmente não importa quando se trata da Ucrânia ou do Oriente Médio”. Como se esperassem que o Itamaraty solucionasse Gaza com tapioca e diplomacia afetiva. No tabuleiro global, estamos mais para peão perdido do que bispo ativo. E ainda prevêem que, caso Bolsonaro indique um sucessor — mesmo entre uma tornozeleira e outra — a direita terá caminho pavimentado para voltar ao poder. É o tipo de previsão que parece escrita por Paulo Coelho com dados da CIA.

Sean ‘Diddy’ Combs respira aliviado ao ser condenado ‘só’ por transportar prostitutas: quando o sistema judicial dos EUA vira sitcom de mau gosto
O artista outrora conhecido como Puff Daddy, depois P. Diddy, agora apenas Sean Combs, passou de ícone do hip-hop a figurante judicial de série policial. Após sete semanas de julgamento, cinco acusações criminais e dois séculos de memes, o veredito foi lido: culpado por transporte com fins de prostituição — ou, na linguagem da defesa, “apenas caronas remuneradas”. Inocente das acusações de conspiração para organização criminosa e tráfico sexual, o empresário abaixou a cabeça, emocionado, como se tivesse acabado de vencer um Grammy da impunidade. Os advogados, pagos a preço de lingotes de ouro, reforçaram que “violência doméstica não é tráfico sexual” — tese jurídica que caberia em um TikTok da deep web. Enquanto isso, o público debate se Diddy é mais culpado pela decadência do rap dos anos 2000 ou pelas atrocidades descritas nos autos. Hollywood já está em contato para adaptar o julgamento: “Culpado com Estilo – O Caso Combs”.
Sionismo, Teocracia e Fúria: o 3 de julho uniu Khomeini, Herzl e a Guerra dos 12 Dias — e nenhum roteirista ousaria tanto
Coincidência, ironia cósmica ou apenas a trágica tendência do Oriente Médio de ser cenário permanente de absurdos históricos? Em 3 de julho, morre Theodor Herzl — pai do sionismo moderno — e, décadas depois, também morre o aiatolá Ruhollah Khomeini — arquétipo da teocracia xiita iraniana. Como cereja bélica no bolo do destino, em 2025, tivemos a Guerra dos 12 Dias entre Israel e Irã. O universo parece brincar de sarcasmo: enquanto Herzl sonhava com o Estado judeu, Khomeini preparava a resistência armada e os foguetes de retórica apocalíptica. A guerra atual é só mais um episódio na Netflix geopolítica da região, que mistura drama, tragédia e reality show sangrento. É como se a História tivesse contratado roteiristas do Tarantino e do Lars von Trier para escrever o roteiro. Spoiler: ninguém vence. Só a morte, o cinismo e as manchetes que se repetem como loop eterno da insanidade humana.
Lula, o STF e o IOF: uma comédia institucional em três atos — veto, recurso e chororô presidencial com pitadas de autoritarismo tributário
Num Brasil onde governar virou uma gincana jurídica, Lula encarna o papel de governante incompreendido que, ao ver seu aumento do IOF derrubado pelo Congresso, resolveu bater na porta do Supremo como quem pede açúcar ao vizinho. Com ares de professor de educação moral e cívica, o presidente explica que “cada macaco no seu galho”, mas quer escalar a jabuticabeira toda. Segundo ele, aumentar alíquota não é imposto, é ajuste — o que transforma o bolso do brasileiro em campo de testes de semântica tributária. Jorge Messias, o AGU da vez, engrossou o caldo dizendo que o Congresso feriu a Constituição — argumento que faz tremer Aristóteles em seu túmulo. O presidente quer que ricos paguem mais, mas o susto está vindo em dobro para pobres, médios e até herdeiros falidos. No teatro dos Poderes, Lula protagoniza a peça “Decreto é Meu, Mexeu Perdeu”, com ingressos subsidiados por quem ainda tem CPF ativo.
Plano Safra, bancada ruralista e o convite fantasma: quando o agro virou ghosting institucional e a política flertou com o stand-up
O lançamento do Plano Safra 2025/2026 tinha tudo para ser um momento de grandeza agrícola, mas virou comédia de erros digna de novela das seis. Lula anunciou bilhões para o setor e esperava aplausos. Ganhou silêncio. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), poderosa como uma boiada furiosa, não compareceu. Motivo? O convite oficial chegou às 18h25 do dia anterior — um delivery de última hora mais desrespeitoso que convocação para reunião em domingo de eleição. O presidente da FPA, Pedro Lupion, foi cuidar da base no Paraná, enquanto outros parlamentares estavam em Lisboa, debatendo juridiquês com pastéis de nata. Em Brasília, Lula falava sozinho, enquanto os ruralistas davam coletiva paralela com mais veneno que agrotóxico ilegal. No fim, a imagem que fica é a de um Governo tentando abraçar o agro com os dois braços enquanto o setor estica o pescoço para Bolsonaro — de preferência, em Brasília ou em Portugal.
Nicolas Cage, Itália, reformas...
setembro 26, 2025Xania Monet, Abbey Road, PL...
setembro 25, 2025Cat Stevens, Senado, Meca...
setembro 24, 2025Vale Tudo, Lawfare, ONU...
setembro 23, 2025Google IA, SAFs, Mounjaro...
setembro 22, 2025Ciro Gomes, Cannes, Pressão...
setembro 20, 2025Jimmy Kimmel, CBF, terremoto...
setembro 19, 2025Vaticano, TV Tupi, CNPJ...
setembro 18, 2025Charlie Kirk, Mercosul, F-35...
setembro 17, 2025Fux, Mahsa Amini, CPMI...
setembro 16, 2025Junk food, Itaú, Khrushchev...
setembro 15, 2025Marco Rubio, Mauro Cid, Oslo...
setembro 13, 2025
Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
Facebook Comments