TV Gazeta de Alagoas tem um futuro sombrio
A história da TV Gazeta de Alagoas é marcada por conquistas e desafios desde sua concessão em 1974. Fundada pelo jornalista e político Arnon de Mello, a emissora foi pioneira ao levar a programação da Rede Globo diretamente para Maceió e Alagoas, rompendo com a dependência de retransmissões de emissoras pernambucanas. No entanto, o presente da TV Gazeta é sombrio, e a emissora enfrenta a possibilidade real de ruir.
A trajetória da TV Gazeta teve momentos significativos, como a inauguração em setembro de 1975, que marcou a emancipação de Alagoas como o único estado sem uma emissora de televisão. O compromisso de servir ao povo alagoano era evidente nas palavras de Arnon de Mello na placa fixada durante a inauguração. A emissora tornou-se referência na região, mesmo enfrentando desafios técnicos na transmissão simultânea da programação nacional da Globo.
No entanto, a história da TV Gazeta tomou um rumo sombrio em julho de 2019, quando o Ministério Público Federal e a Justiça Federal decidiram pela cassação e não renovação das concessões da TV Gazeta e suas coirmãs, as rádios 98 FM e Gazeta FM. O motivo foi a presença do então senador Fernando Collor de Mello no quadro societário, violando a legislação vigente. Embora a decisão tenha sido tomada, as emissoras permaneceram no ar até que o processo transitasse em julgado em todas as esferas.
A reviravolta aconteceu em maio de 2023, com a condenação de Fernando Collor a oito anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Irregularidades relacionadas ao uso da TV Gazeta foram reveladas, destacando o uso das contas da emissora para receber propinas em contratos com a BR Distribuidora. A condenação também expôs simulações de empréstimos a Collor, causando a recuperação judicial da TV Gazeta e da Organização Arnon de Mello.
A crise se aprofundou em outubro de 2023, quando a TV Globo anunciou o encerramento da afiliação da TV Gazeta após 48 anos. A substituição estava programada para o primeiro semestre de 2024 por uma nova estação, pertencente ao Grupo Nordeste de Comunicação. O motivo alegado pela Globo foi a decisão do STF que condenou a TV Gazeta por seu envolvimento em esquemas de corrupção. Os boatos sobre a possível afiliação à Globo já circulavam desde fevereiro, quando a emissora estava em testes sob o nome “TV Elo”.
A situação se agravou em 4 de outubro, quando a TV Globo oficialmente comunicou à direção da TV Gazeta a decisão de não renovar a afiliação. A alegação foi a condenação pela estação alagoana em esquemas de corrupção. A TV Gazeta reagiu entrando com uma ação judicial em 8 de novembro, solicitando a renovação obrigatória do contrato de afiliação, que vencia em 31 de dezembro. O motivo utilizado pela emissora local foi o pedido de recuperação judicial iniciado em 2019. A resposta da TV Globo foi imediata, classificando a abertura do processo como “covarde”.
O embate entre a TV Gazeta de Alagoas e a Rede Globo tornou-se público, revelando uma disputa complexa entre interesses comerciais, legais e éticos. A emissora local acusou a Globo de abusar da boa-fé ao não renovar o contrato de afiliação de 48 anos, destacando a ligação histórica com a família Collor, sendo o ex-presidente Fernando Collor o acionista majoritário.
O futuro da TV Gazeta de Alagoas permanece incerto. A combinação de crises legais, financeiras e de reputação coloca em xeque a sobrevivência da emissora. Seja qual for o desfecho, a história da TV Gazeta servirá como um capítulo marcante na evolução da mídia em Alagoas, evidenciando os desafios enfrentados pelas emissoras locais em um cenário de mudanças rápidas e complexas. Resta agora aguardar as decisões judiciais e os desdobramentos dessa trama que poderá resultar no fim de uma era na comunicação alagoana.
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