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Um guia salarial do setor de Venture Capital

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O portal Panorama Mercantil teve o privilégio de conduzir uma entrevista exclusiva com Ana Beatriz Duvivier, sócia da renomada Fox Human Capital, para discutir o impacto do Guia Salarial de Private Equity & Venture Capital 2023 no mercado. A divulgação do guia gerou repercussões significativas, evidenciadas pelo movimento de profissionais em busca de reajustes salariais após sua publicação. Este fenômeno, já observado em anos anteriores, destaca a importância do guia como uma referência crucial para profissionais e gestores no setor. A seleção criteriosa de profissionais entrevistados para a produção do guia foi abordada por Ana Beatriz, revelando que três fontes distintas foram utilizadas: entrevistas proativas, formulários enviados para gestoras e uma rede de contatos no ecossistema. Essa abordagem diversificada garantiu uma representação abrangente das práticas salariais no mercado de Private Equity & Venture Capital. A edição de 2023 do guia revisitou a temática da Diversidade e Inclusão, refletindo uma mudança paradigmática no setor. Ana Beatriz compartilhou percepções provenientes de um evento recente, enfatizando a crescente pressão dos investidores por times mais diversos. No entanto, ressaltou a necessidade de aprofundar a discussão sobre como as gestoras podem efetivamente integrar profissionais diversos à cultura organizacional, ultrapassando desafios como viés inconsciente.

Ana, que impacto você acredita que a divulgação do Guia Salarial de Private Equity & Venture Capital 2023 da Fox Human Capital teve no mercado até agora?

Todo ano, após o lançamento, vemos que aqueles que estão no quadrante inferior, tentam se readequar para o ano seguinte, para não perderem profissionais. Recentemente soube de uma gestora onde 15 profissionais foram até o sócio principal com o guia em mãos para pedir aumento.

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Qual critério foi utilizado para selecionar os profissionais entrevistados para a produção do Guia Salarial?

Utilizamos três fontes de informações: entrevistas feitas de forma pró-ativa ou para algum processo específico; envio de um formulário para gestoras onde temos abertura (não necessariamente clientes); e envio de um formulário para nossa rede de contatos desse ecossistema.

Como a inclusão de temas sobre Diversidade e Inclusão na edição de 2023 do Guia reflete nas práticas do mercado de Private Equity & Venture Capital, na sua opinião?

Esse é um tema que está sendo bastante discutido. Há uma semana estive em um evento promovido pelo IFC e ABVCAP para o lançamento de um guia justamente sobre diversidade de gênero em Private Equity e Venture Capital. Percebemos que os investidores estão cada vez mais cobrando das gestoras que elas tenham times mais diversos e que também invistam mais em empresas que tenham a diversidade como um grande pilar. Acredito que há ainda muito o que ser discutido como, por exemplo, como trabalhar a cultura interna para receber profissionais de diversidade, como tratar de questões como viés inconsciente e como garantir que esses profissionais não sintam como se estivessem ali preenchendo alguma “cota” e sim, integrá-los de fato à cultura e investir no seu desenvolvimento.

Quais foram as principais dificuldades e motivações compartilhadas pelo grupo Black Finance no Guia Salarial?

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O Black Finance foi criado com o propósito de ajudar profissionais, que não tiveram os mesmos privilégios que vários outros do mercado financeiro, a conhecer diversas possibilidades de carreira disponíveis e prepará-las para essas oportunidades, criando assim um ambiente de cooperação entre os membros. Como um dos maiores desafios, apesar do mercado estar mudando e se mostrando mais aberto às questões de diversidade, ainda não é fácil encontrar instituições e pessoas que não só acreditem na causa, mas que também entendam que existe outra realidade completamente diferente das delas e que estejam dispostos a aprender e a sair de sua própria bolha.

Quais são os principais subsistemas que você destaca como essenciais para profissionais de Recursos Humanos que trabalham com gestoras de VC ou PE, de acordo com suas entrevistas para o Guia Salarial?

Muitas gestoras não possuem nem RH interno, acabam por terceirizar todas as questões que envolvem pessoas. Mas se todas pudessem escolher apenas um subsistema para não terceirizar, diria que é a área de Treinamento & Desenvolvimento. Os colaboradores precisam ter claro quais são os próximos passos de sua carreira, a liderança precisa entender como dar um feedback de forma estruturada e como utilizar ferramentas de RH para desenvolver aquele profissional. O RH focado em T&D, vai olhar para cultura, clima e pontos de melhoria. Se tem uma coisa que percebi ao longo desses quase 5 anos recrutando exclusivamente para PE&VC é que o profissional pode até ter como motivador para ingressar em determinada gestora a remuneração agressiva, mas o que faz ele ficar é a cultura organizacional. Já vi profissionais baixarem sua remuneração anual em 40-50% para estar em um ambiente saudável.

Leia ou ouça também:  O perfil dos investidores da Bolsa de Valores

Por que o Guia Salarial foca em informações específicas sobre o mercado de Private Equity & Venture Capital na região sudeste, especialmente em São Paulo?

Porque apesar de termos um país enorme e com potencial absurdo em cada região e Estado, o mercado de PE/VC ainda se concentra na região de SP.

Quais foram as conclusões ou insights mais surpreendentes que a Fox Human Capital obteve ao entrevistar profissionais do setor para a produção do Guia Salarial de 2023?

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No ano passado, quando verificamos os números finais, comprovamos o quanto os salários tinham subido devido ao boom de transações no mercado de capitais. Porém, como 2022 e 2023 foi um ano mais “parado”, essas remunerações acabaram não subindo além de um aumento natural anual. Outro ponto interessante, que talvez seja mais uma curiosidade, foi o fato de vermos que o mercado de Venture Capital é muito mais fechado em relação a dividir informações sobre remuneração que o mercado de Private Equity.

Por que você destaca a importância do conhecimento em governança e fluxo de caixa para CFOs que atuam com fundos de Private Equity e Venture Capital?

Por causa da estratégia de atuação de um Private Equity. Quando um PE compra participação, seja ela minoritária ou majoritária, a ideia dele é ver aquele ativo crescer e gerar retorno para seus investidores. Então ele precisa de profissionais que saibam estruturar uma boa governança (já que muitas são empresas familiares sem muitos processos), ter um bom controle de caixa e planejamento estratégico. O CFO de PE precisa saber pensar estrategicamente, ser muito detalhista e gostar de um ritmo de trabalho mais acelerado.

Quais são as principais tendências que o Guia Salarial de Private Equity & Venture Capital 2023 destaca como influenciadoras no desenvolvimento do mercado?

Destacamos o amadurecimento do setor de Venture Capital, com práticas mais assertivas e investimentos mais bem pensados. Outro ponto importante observado foi a queda, ainda que tímida, da taxa de juros, trazendo um cenário um pouco mais otimista para esse tipo de investimentos, principalmente para as gestoras que estão em momento de captação de capital. Percebemos também que o setor de Infraestrutura e Energia, especialmente renováveis, está mais alta, com investidores preferindo alocar dinheiro em gestoras que tenham esse foco.

Por que as gestoras internacionais de Private Equity, oferecem salários mais altos, muitas vezes em dólar, comparadas às gestoras nacionais no Brasil?

Um fator que dita a capacidade daquela gestora de ser competitiva ou não em relação à remuneração, é o AUM (asset under management – ativo sob gestão), que é o valor que aquela gestora tem em seus fundos de investimento para realizar as transações. As gestoras internacionais fazem essa captação em dólar, com investidores estrangeiros em sua maioria, pois, seus veículos de investimento estão fora do país, em estruturas offshore. Algumas gestoras nacionais também podem ter veículos em estruturas offshore, mas com seu foco sendo investidores brasileiros. Com isso e com a alta do dólar, fica difícil para uma gestora que capta em BRL competir com uma que capta em dólar.

Última atualização da matéria foi há 1 ano


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