Zelensky, Caras Pintadas, Fiesp…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Paulo Skaf já governa a Fiesp, e a cadeira só será esquentada oficialmente em 2026 — até lá, é só teatro com script conhecido e final previsível
A posse marcada para 1º de janeiro de 2026 é mera formalidade: Paulo Skaf já veste a faixa invisível de presidente da Fiesp, fala como presidente da Fiesp e, sobretudo, conspira como presidente da Fiesp. Ungido por 99% dos sindicatos (o 1% restante talvez tenha esquecido de votar), ele já usa a crise das tarifas de Donald Trump como trampolim para ser o “homem que resolve” da indústria brasileira. Washington ganhará uma filial da Avenida Paulista, com escritório próprio, lobby na US Chamber of Commerce e Skaf batendo ponto na capital americana para fazer o que todo lobista de luxo faz: tomar café e vender influência. Se Trump recuar das tarifas, Skaf vira herói; se não recuar, ele posa de mártir. Nada mal. No seu histórico, Skaf já provou que não tem pudores em usar a Fiesp como palanque político — do Pato inflável à dança do impeachment. E, ao que consta, a coreografia agora é ensaiada em dueto com o clã Bolsonaro, que reivindica as tarifas como “criação própria”. A distância entre política industrial e política eleitoral, nesse caso, cabe num tweet.
Gilberto Kassab, o eterno sobrevivente, já arma cenários para 2026 e avisa: Tarcísio só vai se meter na disputa presidencial se as pesquisas prometerem o paraíso
Gilberto Kassab, presidente do PSD e consultor político não-oficial do governador Tarcísio de Freitas, mais uma vez dá o tom do xadrez paulista-brasileiro. Para ele, condenar as sanções americanas e a Lei Magnitsky é fácil — afinal, não custa nada posar de nacionalista. Mas o que importa é o cálculo eleitoral: Tarcísio só entra na corrida pelo Planalto se os números o colocarem no trono antes mesmo de sentar nele. Caso contrário, Kassab próprio mira o governo de São Paulo, porque alguém precisa continuar jogando esse jogo de sobrevivência. Considerado uma “raposa política” — termo educado para dizer que já viu de tudo e sobreviveu a todos —, Kassab aposta que o apoio de Bolsonaro virá forte, mas admite que, se a eleição fosse hoje, Lula levaria. Mudança de percepção? Talvez. Ou apenas o instinto de quem nunca aposta tudo na mesma ficha. Para Kassab, a política é como um buffet: só se serve do prato que ainda não esfriou.
Sam Nivola, o ator que jura não ser “nepo baby”, embora seja filho de dois atores e frequente o mesmo casting que eles
Sam Nivola, conhecido pela terceira temporada de The White Lotus, é filho de Alessandro Nivola e Emily Mortimer, mas insiste que sua carreira não tem nada a ver com isso — a não ser, claro, os genes, a rede de contatos, o ambiente familiar e o DNA de Hollywood. Na entrevista à Variety, Sam riu do termo “nepo baby” como se fosse uma injustiça pessoal e garantiu que nunca pediu para o agente do pai fazer ligações. Fez “tudo sozinho” — tirando, claro, o fato de ter crescido entre sets e roteiros. Sam se orgulha de que, quando sai com os pais, é ele quem recebe mais pedidos de fotos, vendo nisso uma “armadilha da fama” e não um lembrete de que vive num mundo onde sobrenomes são chaves-mestras. É o típico caso de quem acha que começou no térreo, mas na verdade já estava no penúltimo andar, esperando o elevador panorâmico para o topo.
Há 33 anos, os “caras-pintadas” coloriram as ruas contra Collor — e inauguraram a era do protesto como espetáculo
No 11 de agosto de 1992, 15 mil jovens saíram às ruas de São Paulo com rostos pintados, exigindo o impeachment de Fernando Collor. O que era indignação virou também estética: o movimento estudantil ganhou novas cores, e o país descobriu que política e fotogenia andam bem juntas. O protesto, organizado em plena crise econômica e moral do Governo, consolidou a imagem de uma juventude “ativa” — embora, na prática, a engrenagem que derrubou Collor tenha sido mais institucional do que romântica. Ainda assim, o mito dos caras-pintadas sobrevive no imaginário popular, reciclado e vendido como símbolo de engajamento. Na época, ninguém falava em “lacração”, mas o princípio era o mesmo: protestar com boa iluminação. O Brasil percebeu, ali, que a política pode ser televisionada como novela e que qualquer impeachment precisa de bons closes para entrar na história.
Zelensky avisa: qualquer paz assinada sem a Ucrânia é paz de cemitério — e Trump e Putin parecem dispostos a testar a teoria
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reagiu à notícia do encontro Trump-Putin, marcado para 15 de agosto no Alasca, como quem vê dois donos discutindo a partilha de uma casa sem chamar o inquilino. A Ucrânia, disse ele, não aceitará “prêmios” à Rússia e não abrirá mão de seu território — como se a guerra fosse um leilão e não um banho de sangue diário. Trump já deixou claro que toparia conversar com Putin sem a presença de Kiev, aumentando o temor europeu de que a Ucrânia vire detalhe de rodapé num acordo de fachada. Zelensky, em tom dramático e pragmático, chamou qualquer decisão sem Kiev de “decisão morta” — o que, vindo de quem lidera um país em guerra há mais de três anos, soa menos como metáfora e mais como estatística. A reunião no Alasca pode entrar para a história não como o início da paz, mas como o capítulo piloto de uma série chamada “Yalta 2.0”.

The Economist diz que tarifas de Trump ao Brasil são mais política do que economia — e Lula tenta surfar a onda sem tomar caldo
A revista The Economist cravou: as tarifas de 50% impostas por Trump ao Brasil são um ato político disfarçado de política comercial. O alvo não é o café ou a carne, mas o ambiente interno brasileiro — e, de quebra, o enrosco judicial de Jair Bolsonaro. O impacto econômico é limitado: só 13% das exportações brasileiras vão para os EUA, e boa parte dos produtos de maior peso ficou isenta. Ainda assim, Lula aproveitou para discursar contra “imperadores” e acionar a diplomacia com empresários americanos, o que ajudou a garantir algumas exceções na lista. A revista sugere que o maior risco está nas reações do Brasil, especialmente na tentativa de articular com o BRICS uma resposta coordenada — ideia que pode render manchetes, mas não necessariamente resultado prático. No fundo, Trump está usando o comércio como porrete político, e Lula tenta transformar o golpe em marketing. É o tipo de guerra onde o campo de batalha é o noticiário.

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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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