A380, Penélope Nova, NBA…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Lula, Trump e o balé diplomático via Zoom: quando a política externa vira live e o aperto de mão é emoji
Aos poucos, Brasil e Estados Unidos ensaiam um pas de deux diplomático digno de reality show: falas medidas, sorrisos ensaiados e uma câmera ligada para o mundo todo ver. Lula e Trump, que parecem mais personagens de novela política do que estadistas, devem protagonizar uma “reunião histórica” transmitida por videoconferência — o novo teatro do poder, com direito a ministros no enquadramento e bandeirinhas posicionadas no fundo para dar “credibilidade”. O encontro, previsto para acontecer durante a reunião da ASEAN, na Malásia, já tem um roteiro digno de Netflix: Trump exigindo “minerais preferenciais” e Lula posando como defensor da soberania. De um lado, o magnata laranja querendo transformar minério em moeda; do outro, o sindicalista diplomata que não resiste a uma câmera. A ideia de fazer o mundo assistir à diplomacia em 4K é irresistível. Afinal, o espetáculo da política hoje exige legenda, trilha sonora e filtros. A política externa virou uma live — e todo mundo sabe que, no fim, quem ganha é quem tiver o melhor enquadramento.
Penélope Nova e o espelho partido da liberdade: ex-VJ descobre que falar virou performance e silêncio virou curtida
Penélope Nova, outrora ícone da MTV, agora estrela do “Brasil Paralelo Cinematic Universe”, decidiu redescobrir o conceito de liberdade de expressão — aquele mesmo que ela usava para falar de sexo na TV, mas agora serve para exaltar teorias conspiratórias. Ao afirmar que “a liberdade de expressão acabou”, a ex-VJ entrou no panteão das ironias nacionais: nunca se falou tanto sobre o direito de falar quanto agora, em tempos de microfones sem filtro e megafones virtuais. A internet reagiu com a previsível coreografia: memes, sarcasmo e nostalgia dos tempos em que Penélope discutia camisinha e não Constituição. Quando respondeu ao “cancelamento”, sua fala foi puro stand-up político: “Liberdade é o novo tabu”, disse, como se tivesse descoberto o fogo em rede social. A diferença é que, hoje, o fogo é de comentário ácido. No país onde todos têm voz, mas ninguém quer ouvir, a liberdade virou mesmo o novo fetiche — e o cancelamento, o orgasmo coletivo da multidão digital.
O Airbus A380 completa 18 anos de voo e ainda parece um adolescente grandalhão que não sabe onde estacionar
Em 25 de outubro de 2007, o A380 decolou pela primeira vez com passageiros, de Singapura a Sydney, prometendo ser o “futuro dos céus”. Dezoito anos depois, virou quase um símbolo do excesso e da nostalgia da era em que voar era chique, não apenas caro. O gigante dos ares, com seus dois andares, bares internos e promessas de luxo em altitude de cruzeiro, enfrentou a realidade do capitalismo aéreo: combustível caro, aeroportos pequenos e passageiros que preferem low cost com wi-fi a champanhe com turbulência. O A380 é a Paris Hilton da aviação — exuberante, icônico e, no fundo, deslocado no mundo pós-pandemia. Ainda voa, mas como uma estrela de reality esquecida: o público aplaude, mas as companhias suspiram com os custos. O maior avião comercial do mundo sobrevive como lembrança de um tempo em que o céu parecia o limite. Hoje, o limite é o preço da passagem.

NBA, apostas e o novo esporte americano: transformar informação privilegiada em lucro espiritual
Um indiciamento de 23 páginas revelou um esquema de manipulação de resultados na NBA e NCAA — e provou que o esporte americano é mais sobre apostas do que sobre atletas. Damon Jones, ex-assistente de LeBron, foi flagrado mandando mensagem digna de corretor da Bovespa: “Aposte antes que a informação vaze”. O problema é que o “ativo” era o próprio LeBron, poupado naquela noite. O basquete virou um mercado de futuros, e os jogadores, commodities de apostas. O paralelo com o insider trading é inevitável — Wall Street deve estar aplaudindo. O escândalo estourou justo quando a NCAA liberou apostas profissionais para universitários, porque, claro, o que pode dar errado? A América transformou o esporte em cassino e a ética em estatística. O mesmo país que proíbe alunos de beber antes dos 21 agora autoriza que eles apostem nos próprios jogos. É o “sonho americano” atualizado: vencer não é o importante, o importante é lucrar com o placar.
Bancada cristã aprovada: Brasília oficializa o lobby da fé e o Estado laico entra em licença espiritual
A Câmara decidiu dar corpo, voz e voto à fé. Nasce a “bancada cristã”, como se a religião agora precisasse de crachá parlamentar e microfone garantido. O projeto aprovado com urgência — porque a salvação não pode esperar — cria estrutura, coordenação e prerrogativas para quem se declara cristão. Tudo muito democrático, desde que você creia no Deus certo. PT e PSOL gritaram “Estado laico!”, mas foram abafados pelo coral majoritário dos “80% cristãos do IBGE”. O Brasil, país do sincretismo e da contradição, agora flerta com uma teocracia de plenário, onde a Bíblia divide espaço com o regimento interno. Deputados prometem representar “os valores do povo”, como se o povo fosse um bloco homogêneo de fiéis bem-intencionados e tementes. No fundo, a nova bancada não busca fé — busca poder. E poder, como se sabe, não é milagre: é articulação, voto e, claro, visibilidade em ano eleitoral. Aleluia, irmãos legisladores.

Café, carne e calor diplomático: quando o agronegócio brasileiro vira brinde no coquetel Lula-Trump
Exportadores de café e carne estão em estado de graça: o Brasil pode, enfim, conseguir que Trump reduza as tarifas que apertam o bolso do agro — aquele mesmo que diz “é tech, é pop, é tudo”, mas chora por subsídio. Lula levará o tema à mesa da negociação com o americano, enquanto Alckmin, o corretor político mais pontual do país, já garantiu que o café estará “no centro do cardápio”. No jogo das diplomacias tropicais, o grão virou moeda e o boi, embaixador. Tudo isso embalado pela promessa de “livre comércio”, que é o eufemismo elegante para “quem tem mais poder impõe o preço”. Os EUA, como sempre, não perdem o jeito: prometem abrir o mercado enquanto calculam quanto minério e influência podem levar de brinde. O Brasil, fiel ao roteiro, promete soberania enquanto entrega commodities com laço. A cena lembra um jantar de negócios em que o garçom acredita estar no comando da mesa. Spoiler: ele não está.
Tarifas, Sam Smith, Bolcheviques...
novembro 7, 2025PCC, Claudio Castro, Morrissey...
novembro 6, 2025Dick Cheney, Obama, aéreas...
novembro 4, 2025Magna Fraus, Laika, CPI...
novembro 3, 2025Nicolau II, Geração X, F-35...
novembro 1, 2025Kim Kardashian, Saci, Gayer...
outubro 31, 2025PL, Ciro Gomes, Tsar Bomba...
outubro 30, 2025ARPANET, CV, Telefone Preto 2...
outubro 29, 2025Cosan, Lionel Messi, Radiohead...
outubro 28, 2025Bradesco, semicondutor, PT...
outubro 27, 2025ONU, Tupac, F1...
outubro 24, 2025Fux, extradição, La Santé...
outubro 23, 2025
Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.




Facebook Comments