Banco Santos, Erik Menendez, vapes…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Banco Santos, dois bilhões de histórias e uma falência que não sabe morrer: Edemar, Picasso e um administrador que gosta de amigos
Duas décadas depois da implosão estética do Banco Santos — aquela instituição que misturava finanças exóticas com um acervo de arte de dar inveja a qualquer museu europeu — o caso continua rendendo capítulos mais longos que novela da Globo dos anos 80. Agora, os credores, cansados de esperar um centavo que seja, querem ver pelas costas Vânio Aguiar, o administrador judicial que, desde 2005, comanda essa massa falida de R$ 3 bilhões como se fosse um reality show privado. A acusação? Favorecimento a amigos e parentes, contratos turvos e despesas que mais parecem contas de restaurante de luxo em Paris do que gastos de liquidação. O juiz Paulo Furtado, que provavelmente já sabe de cor cada carimbo do processo, deu dez dias para Vânio explicar onde a verba evaporou. O morto Edemar Cid Ferreira, patrono da alta sociedade e colecionador de Van Goghs e dívidas, já não pode se defender. Mas sua sombra paira sobre São Paulo como um espectro elegante, lembrando que, no Brasil, falências podem durar mais que casamentos, que obras públicas e, principalmente, que governos.

Moraes, Mastercard e a metafísica do bloqueio: quando até o Supremo descobre que o crédito é relativo
Eis a questão do dia: Alexandre de Moraes, homem de toga, poder e sobrancelha levantada, poderia usar Visa ou Mastercard no território norte-americano? Especialistas respondem que, teoricamente, não. Já no Brasil, a coisa vira samba: cabe ao banco decidir se suspende ou não os serviços. Até o Banco do Brasil, que paga o salário dos ministros e se espalha pelo globo como uma multinacional estatal, resolveu fazer cara de paisagem e disse: “Perguntem aos bancos”. Que situação pitoresca — um ministro que decide quem pode falar ou não na internet agora sujeito ao humor dos algoritmos bancários. É a globalização aplicada ao ridículo: fronteiras abertas para memes e fechadas para cartões de crédito. A cada nova sanção, o mundo descobre que até deuses constitucionais podem ter o limite cortado na maquininha. Uma metáfora perfeita da vida moderna: todos estamos a uma transação recusada de virar mortais comuns.
Menendez brothers, 36 anos depois: o sonho americano de matar os pais e não ganhar a liberdade
Erik Menendez, 54 anos, descobriu que nos EUA a indulgência cristã não cobre parricídio a tiros em mansões de Beverly Hills. O comissário Robert Barton negou sua liberdade condicional com a frieza de um manual de direito penal. “Acredito na redenção, mas você ainda representa um risco irrazoável”, disse Barton, como se estivesse rejeitando um pedido de cartão de crédito, não a liberdade de um homem preso há mais de três décadas. O detalhe que pesou? Celulares contrabandeados — porque matar pai e mãe pode até entrar no debate filosófico da justiça, mas burlar a operadora é imperdoável. Erik queria passar o Natal em casa; vai continuar acendendo luzinhas de LED na cela. O irmão Lyle ainda aguarda julgamento da própria liberdade, mas o roteiro é previsível: a sociedade americana adora uma segunda chance, desde que você seja um executivo de Wall Street ou um influenciador arrependido — nunca um filho que resolveu resolver traumas familiares com munição.
Alcântara, 22 de agosto de 2003: foguete brasileiro prova que a gravidade é mais forte que a engenharia nacional
Há 22 anos, o Brasil aprendeu de forma trágica que, no espaço, a soberania se mede em estilhaços. O VLS-1 V3, foguete concebido para lançar satélites e orgulhos nacionais, explodiu no Centro de Lançamento de Alcântara, matando 21 técnicos civis e sepultando de vez a ambição espacial de Brasília. A tragédia virou um monumento invisível da incompetência nacional: discursos oficiais prometeram reerguer o programa, mas o que se viu foram décadas de poeira, projetos engavetados e parcerias internacionais que sempre colocam o Brasil como coadjuvante. A memória dos mortos contrasta com a retórica de potência espacial que insiste em sobreviver nos palanques. De Alcântara, restou o silêncio dos hangares e o eco das promessas: um país que sonhava lançar satélites acabou especialista em lançar notas de repúdio e dossiês de intenções. E se depender da política, o próximo foguete brasileiro a decolar será mesmo de papelão.
Governo manda YouTube, Facebook e companhia banirem vapes: o proibido é mais lucrativo quando é digital
O Conselho Nacional de Combate à Pirataria resolveu esticar o braço e apontar para os cigarros eletrônicos. Agora, YouTube, Facebook, Instagram e até Mercado Livre têm 48 horas para deletar anúncios, ofertas e vídeos que ensinem o adolescente entediado a comprar seu vape colorido. A Senacon deixou claro: não interessa se o usuário declara ter 18 anos, porque idade, na internet, é tão confiável quanto pesquisa eleitoral em ano ímpar. As empresas, obedientes mas lentas, terão de entregar relatórios, métricas e bloqueios. Enquanto isso, a economia paralela dos vapes agradece: quanto mais se proíbe, mais criativo fica o mercado. No Brasil, fumar é proibido, mas lucrar com o proibido continua liberado. O governo pode até tentar limpar as plataformas, mas todo adolescente sabe que um tutorial de “como consertar controle de PlayStation” pode, em cinco cliques, virar uma masterclass sobre pods e líquidos de melancia. A guerra digital contra o vape será tão eficaz quanto a Lei Seca: ótima no papel, ignorada na prática.

Bolsonaro, 30 milhões em Pix e a mágica contábil do mito que virou banco ambulante
A Polícia Federal descobriu que Jair Bolsonaro movimentou R$ 30 milhões entre 2023 e 2024 — a maior vaquinha virtual da história da República. Foram mais de 1,2 milhão de Pix, num espetáculo de microtransações que faria qualquer fintech corar de inveja. Tudo isso enquanto o ex-presidente dizia lutar contra o “sistema”. O PL aparece como pagador oficial, os advogados como grandes recebedores, e Eduardo Bolsonaro como sócio de transferências que parecem mais novela mexicana do que fluxo bancário. O Coaf chamou de suspeita; Eduardo chamou de delírio. Mas os números não mentem: é muito dinheiro para quem, em tese, está proibido até de cruzar a fronteira com o Paraguai. Entre as ironias, destaca-se o detalhe dos R$ 105 mil em câmbio — um ex-presidente sem passaporte fazendo operações cambiais é a epítome do jeitinho brasileiro. No fim, Bolsonaro virou aquilo que mais criticava: um gestor de captação eficiente, só que sem compliance.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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