Corretora digital Warren se destaca no cenário
A corretora digital Warren, fundada em 2017 no Rio Grande do Sul, recebeu um aporte no valor de R$ 25 milhões de um pool de investidores liderados pela americana Ribbit, fundo de venture capital do Vale do Silício, que já investiu em fintechs como Robinhood, Coinbase e Wealthfront. Além da Ribbit, participam do grupo investidor o fundo argentino Kaszek Ventures e a gestora de recursos gaúcha Chromo Invest. A corretora Warren, que surgiu operando com uma oferta limitada de fundos próprios na prateleira, passou a oferecer algumas centenas de títulos de renda fixa de terceiros, como CDBs, além de 150 fundos de investimento das principais gestoras do país. Com isso, a Warren transforma-se em uma corretora completa de produtos, mas preserva duas grandes diferenças em relação ao restante do mercado: a experiência intuitiva de investir e o total alinhamento com os investidores. A Warren trabalha em um modelo de gestão de carteira, devolvendo a comissão que recebe dos produtos. “Somos a única corretora do país alinhada com o cliente. Rodamos em cima de um modelo de wealth management. Todos nossos produtos são custo zero, devolvemos 100% da comissão que recebemos em produtos de terceiros e mostramos tudo isso de forma transparente na área logada de todos os clientes”, afirma o sócio-fundador e CEO da ascendente corretora digital, Tito Gusmão.
Tito, o empreendedorismo é um “esporte” de alto risco?
A melhor frase sobre empreender é do livro “Hard Thing About Hard Things” que diz que empreender é viver em uma montanha-russa de emoções. Um dia você se sente no topo, acha que vai dar tudo certo e que vai virar bilionário outras vezes você está no fundo, acha que vai dar tudo errado e que vai quebrar. E a falta de sono potencializa essas duas sensações. Acho que precisa ser muito maluco pra empreender. Você vai tomar risco, não vai ter segurança, vai se estressar, não sabe o que vai acontecer amanhã, muitas vezes vai se questionar sobre suas próprias decisões. Mas é a melhor coisa do mundo!
De onde vem a sua paixão pelo empreendedorismo?
Nunca ganhei mesada dos meus pais. Quando eu queria comprar um chocolate na padaria tinha que lavar X pratos ou cortar a grama ou lavar o carro para ganhar o dinheiro para comprar o tal chocolate. Isso me forçou, desde pequeno, a entender o valor do dinheiro e o esforço necessário para consegui-lo. Como sempre fui viciado em chocolate e os pratos a serem lavados em casa eram finitos eu empreendia na escola vendendo coisas. E daí com uns 13 anos eu abri minha primeira empresa. Era uma loja online que tinha produtos eletrônicos. A pessoa entrava no site e pedia o que queria, eu então unia todos os pedidos acumulados na semana, pegava o ônibus para o Paraguai na sexta, chegava sábado, comprava tudo, voltava no domingo e entregava de porta em porta. Essa primeira experiência serviu pra eu aprender muito sobre empreender. Montar loja, preço, promoção, estoque, fornecedores, marketing, financeiro e por aí vai. Depois que você empreende e vê que do seu esforço surge algo, é difícil largar.
Que ensinamentos você absorveu dos tempos de XP e que traz para sua vida profissional atual?
Aprendi muito sobre o que fazer e o que não fazer. Liberdade e meritocracia, por exemplo, são coisas que trouxe e uso com muita força aqui na Warren. Mas outras coisas fazemos bem diferente. Por exemplo, gostamos de manter um ambiente de equipe com colaboração, de time, com cultura forte, todos construindo junto e não construindo para os próprios umbigos. E somos focados no cliente. Aqui não colocamos o lucro em primeiro lugar. O cliente é o centro, desde nosso modelo de negócio 100% alinhado até a jornada digital pela plataforma ao atendimento personalizado.
Qual foi a mudança mais drástica no mercado financeiro e que você acompanhou o passo a passo?
A mudança mais drástica está vindo pelas fintechs e vai em linha com a resposta anterior que é colocar o cliente em primeiro lugar de verdade e não só na propaganda. Desburocratizar, ser transparente, cobrar o justo, entregar uma excelente experiência um atendimento humanizado, eficiente e preocupado e não o tradicional call center com o “estaremos resolvendo seu problema”.
Como surge a Warren nesse cenário?
Estamos democratizando o acesso aos melhores investimentos entregando uma forma fácil de investir e através de um modelo único de alinhamento com o cliente. Somos a única corretora do país alinhada com o cliente. Rodamos em cima de um modelo de wealth management. Todos os nossos produtos são custo zero, devolvemos 100% da comissão que recebemos em produtos de terceiros e mostramos tudo isso de forma transparente na área logada de todos os clientes. Somente os super ricos têm acesso a esse modelo e entregamos, com muita tecnologia, para todos.
Quais os maiores pilares da corretora?
Nossos pilares são: clientes, tecnologia, design e time.
Clientes: a missão número um é fazer com que os nossos clientes nos amem profundamente. Nosso NPS de 81, que é o dobro da média do mercado financeiro, e um crescimento que sobe em 40% baseado em indicações são indicativos que estamos no caminho certo.
Tecnologia: somos uma empresa de tecnologia. Hoje são 140 pessoas no time, sendo que metade são desenvolvedores. A tecnologia nos permite ganho de escala e nos permite entregar melhores serviços. Por exemplo, só na Warren os clientes conseguem construir objetivos de investimentos distintos (aposentadoria, reserva de emergência, faculdade das crianças) e, além de ter a melhor seleção de produtos e visualização separada de cada objetivo, toda a operação de compra de produtos, trocas e rebalanceamento é automática.
Design: dedicamos muito tempo com design e UX para entregar uma jornada fácil, sem atritos e agradável para os usuários.
Time: quem executa o dia a dia do plano de democratizar o mundo de investimentos, ajudando as pessoas a investirem bem e atingirem seus objetivos é o time. Como a missão é grande somente um time incrível, engajado, dedicado, incansável para conseguir. É isso que temos na Warren.
A fusão tecnologia e mercado financeiro deve ser uníssona em quais sentidos para o êxito completo de uma operação?
Com taxas de juros altas, dava pra ter um monte de camadas de intermediários e áreas de back office gigantes com operações todas manuais. Tinha espaço pra ser ineficiente e tinha espaço pra pagar vários sangue-sugas. O mundo da transparência e do alinhamento estava começando a derrubar os sangue-sugas e agora com taxas de juros no Brasil no menor patamar da história (e rumando pra caírem ainda mais) não existe mais espaço também para ineficiência. A tecnologia deixou de ser importante para ser vida ou morte.
As fintechs irão dominar o setor financeiro ou ainda é cedo para esse prognóstico?
Vão dominar com absoluta certeza. E não é só a Warren no mundo de investimentos ou a Geru no crédito que vão incomodar. Existe um exército de fintechs surgindo em trincheiras às vezes despercebidas. O melhor exemplo é o Mercado Pago. Uma fintech do Mercado Livre onde é possível receber/comprar pelo Mercado Livre, investir dinheiro a 100% do CDI, pagar contas, recarregar celular. Tem fintech da Ambev que vai conectar diretamente distribuição e venda; tem fintech da Cosan pra conectar diretamente postos e caminhoneiros. E por aí vai.
Podemos dizer que as fintechs fazem uma revolução ou uma evolução no mercado?
É uma revolução. Antes eram alguns poucos dinossauros (bancos) brigando sozinhos e agora existe um enxame de abelhas (fintechs) atacando de todos os lados.
Quais os maiores obstáculos para democratizar o acesso a bons investimentos?
Vencer o medo sobre falta de segurança. As pessoas preferem ir ao dentista do que ir ao banco, já sabem que o banco não é o melhor lugar para investir, sabem que a poupança é horrível, mas elas se sentem seguras no banco. A agência do banco no bairro traz essa percepção. Somos uma empresa online e nova, mas temos os mesmos processos e controles com Banco Central, CVM, Anbima e auditores externos. Mostrar para as pessoas que somos tão seguros quanto as empresas “tradicionais” é um desafio e que talvez só consigamos vencer com o tempo.
Acredita que a Warren tem conseguido essa democratização para chegar ao R$ 1,3 bilhão que você ambiciona para ter sob gestão?
Estamos no caminho. Já temos 100 mil clientes, apesar de termos apenas pouco mais de dois anos de vida. Finalizar com mais de R$ 1 bilhão este ano será ótimo e queremos até 2025 chegar em R$ 100 bilhões.
Última atualização da matéria foi há 2 anos
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