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Fernanda Torres, Rupert Murdoch, Camões…

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Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.

Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.

Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.

Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.

Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.

Trump quer Brasil fora do Brics: tudo pela paz mundial e pela hegemonia americana, claro

Aparentemente, o Brasil anda provocando dor de estômago diplomático em Washington. Lula resolveu tirar a cueca pela cabeça e liderar um bloco que ousa cogitar uma moeda alternativa ao dólar, esse pobre coitado que há 80 anos só quer viver em paz, controlando o comércio global. Os artigos que circulam nos bastidores do Itamaraty defendem que o Brasil largue o Brics porque, veja só, Lula está usando o grupo como palanque doméstico — como se isso fosse diferente de qualquer fórum internacional. China e Índia, que têm PIB de verdade, estão em modo “observação”, enquanto a Rússia está em modo “guerra”, e a África do Sul faz cara de quem sabe que tudo isso é firula. Mas os Estados Unidos, sempre preocupados com a liberdade dos outros (desde que compatível com os interesses deles), sonham com uma América Latina de joelhos, ou melhor, debaixo do big stick de Tio Sam. A saída do Brics, portanto, seria voluntária, espontânea, e com uma arma apontada para o câmbio brasileiro. A geopolítica voltou, só que agora com roteiro de novela e trilha de John Philip Sousa.

Trump x Murdoch: quando dois bilionários brigam, a democracia treme (e Epstein assiste do além)

Donald Trump agora quer processar Rupert Murdoch porque o Wall Street Journal teve a ousadia de publicar uma suposta carta de 2003 em que o então empresário manda desenhos obscenos para Jeffrey Epstein. Só isso. O escândalo é tão surreal que nem precisa de adereço. A carta, segundo o jornal, estava em um caderno de aniversário feito por Ghislaine Maxwell (a “socialite do tráfico sexual”) e virou dinamite pura. A resposta de Trump? Processinho neles e uma coletiva de imprensa com cara de quem comeu papel alumínio. A Fox News, que já foi seu altar de adoração, agora virou Judas no sábado de aleluia. E, como cereja do abismo, Trump ainda enfrenta pressão da própria base para liberar arquivos do caso Epstein, aquele que, segundo o Departamento de Justiça, “já se encerrou” (igualzinho à Lava Jato, só que com pedofilia). Murdoch, o magnata que já rompeu com Musk também, virou persona non grata no universo MAGA. E assim, com trocas de farpas e GIFs passivo-agressivos no Truth Social, o império midiático conservador implode — ao vivo, em cores e com muito cheiro de mofo.

Globo volta atrás: chama os medalhões de volta para salvar a audiência e fingir que é 1999

A Vênus Platinada fez o que jurou jamais fazer: voltou a contratar elenco fixo. Depois de anos achando que artista era freelancer com crachá, a Globo reconheceu que a emoção não nasce em contrato por obra. O público, que já não aguenta mais séries com cara de vídeo institucional de startup vegana, exige os rostos conhecidos, as vozes familiares, a cafonice confortável. O plano é montar um time de 100 atores fixos — o suficiente para uma novela, dois telefilmes e 17 lives de bastidores no Globoplay. A ordem veio de cima: resgatar a magia perdida entre o Projac e o zap da tia Zuleica. A emissora entendeu tarde que cortar medalhões não barateia a conta se o Ibope despenca como elevador de filme catástrofe. No fundo, é a volta da lógica: se a TV aberta sobrevive da identificação, por que tirar quem o povo quer ver? Só falta agora recontratarem o Louro José e botarem o Tarcísio Meira no CGI. Viva a revolução conservadora!

Camões na ditadura: quando a censura rima com lusofonia e o silêncio vira soneto

Em 19 de julho de 1972, o jornal O Estado de S. Paulo, cansado de ver suas matérias arrancadas pela tesoura da ditadura, decidiu ocupar os espaços censurados com versos de Camões. Era a prova cabal de que, quando a verdade é impedida, a poesia assume o posto. Claro que os censores não entenderam nada. Talvez achassem que Camões era um comunista ou um general do DOI-CODI. O fato é que foi uma das mais belas formas de resistência simbólica do jornalismo brasileiro. O leitor abria o jornal e via o canto épico de “Os Lusíadas” onde antes haveria denúncias ou análises suprimidas. Ironia fina: a censura, ao tentar silenciar o presente, deu voz ao passado. E Camões, coitado, virou cronista político do Regime Militar. Que os atuais censores aprendam: a palavra, quando proibida, volta com mais força, com mais rima e, às vezes, até com métrica decassílaba.

Leia ou ouça também:  Fux, Mahsa Amini, CPMI...

Eduardo Bolsonaro invoca os EUA contra Moraes: internacionalizando o chilique autoritário

Eduardo Bolsonaro, o nosso pequeno Mazzaropi com Twitter, resolveu apelar para o Tio Sam. Em entrevista a Steve Bannon — o Voldemort de terno amarrotado —, pediu que os EUA deem “resposta firme” à “ditadura Moraes”. Tudo porque seu pai, o patriarca do condomínio de teorias da conspiração, foi alvo de nova operação da PF. O drama? Segundo Eduardo, Alexandre de Moraes está desafiando Donald Trump. Isso mesmo: um ministro do STF brasileiro estaria provocando o ex-presidente dos EUA. É tipo acusar o síndico de provocar o CEO da BlackRock. Para completar a cena, Eduardo pede socorro em nome da liberdade de expressão — aquela que seu grupo adorava censurar na prática, desde jornalistas até professores. O tarifão de 50% anunciado por Trump contra produtos brasileiros seria, segundo ele, um “sinal” do desgosto americano com o STF. Tradução: querem transformar decisão judicial em incidente diplomático. É o novo “Brasil acima de tudo” com sotaque de Kentucky e fake news legendada.

Fernanda Torres no júri de Veneza: finalmente uma brasileira julgando o cinema e não o contrário

Fernanda Torres, a atriz que já riu da morte e fez piada com o Apocalipse em horário nobre, foi escolhida para o júri do Festival de Veneza. Sim, o mesmo festival onde o Brasil penou por décadas sem ganhar nada além de palmas protocolares. Agora, além de competir, a gente também julga. E com estilo. Ao lado de nomes pomposos como Rasoulof, Mungiu e Zhao Tao, Fernanda vai ajudar a decidir quem leva o Leão de Ouro. A presidência do júri será de Alexander Payne, mestre das tragicomédias existenciais e das rugas bem filmadas. No ano passado, o Brasil já surpreendeu ao levar o prêmio de Melhor Roteiro — um feito inédito desde 1981. Ou seja: estamos em uma fase boa. E Fernanda, com seu humor ácido, erudição e pedigree cultural (alô, Fernanda Montenegro!), representa o tipo de inteligência que os festivais adoram aplaudir em câmera lenta. Pode não ganhar, mas que vai brilhar, vai. Até porque, se tem algo que o cinema europeu respeita, é a ironia bem dita com sotaque carioca.

Fernanda Torres vai ajudar a decidir quem leva o Leão de Ouro (Foto: Agência Brasil)
Fernanda Torres vai ajudar a decidir quem leva o Leão de Ouro (Foto: Agência Brasil)

Trump vê Brics como uma ameaça direta à ‘hegemonia do dólar’, diz professor

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Fernanda Torres fará parte do júri principal do Festival de Veneza


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