Francisco Ferdinando, Eike, IBGE…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Nikolas Ferreira, o INSS, a CPMI e os 100 milhões de views: quando o Congresso vira clipe de influencer e a aposentadoria é só um detalhe
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) está de olho na presidência da CPMI do INSS, comissão que promete investigar os desvios bilionários em aposentadorias e pensões. Aparentemente, a ideia de botar um YouTuber evangélico com ambições messiânicas à frente de uma comissão técnica ganhou simpatia não só da direita, mas também de partidos da base governista, como PP e União Brasil. Uma espécie de “tamo junto” institucional para desestabilizar o Planalto — e de quebra colocar Sidônio Palmeira (Secom) para suar a camisa na comunicação. O deputado, que mistura devocional com algoritmos como ninguém, já mostrou que sabe surfar nas tragédias: seu vídeo sobre os desvios do INSS atingiu 100 milhões de visualizações em 24 horas. Cem milhões. Sim, o Brasil inteiro — incluindo bebês, idosos e cachorros com smartphone — parece ter assistido à performance. A dúvida: será que ele quer investigar mesmo ou só adicionar mais seguidores ao seu culto digital?
De bilionário a coach: Eike Batista cobra R$ 50 mil para ensinar como perder tudo e ainda vender sua história como se fosse vitória
Eike Batista, o ex-astro do capitalismo brasileiro que levou investidores ao abismo com a OGX, agora quer te ensinar a… ser você mesmo, ou algo assim. Batizado de “Eike Xperience” (porque, claro, a letra X ainda é seu fetiche corporativo), o curso promete 72 horas de convivência com o homem que já foi o mais rico do Brasil — e talvez o mais megalomaníaco também. A imersão custa R$ 50 mil, o equivalente a um carro popular ou a três meses de tratamento psiquiátrico para quem perdeu dinheiro com ele na bolsa. A programação inclui histórias de superação, conquistas, derrotas e até… asma na infância. Porque nada diz “sou um visionário” como compartilhar crises respiratórias de 1972. Restam 20 vagas. A pergunta que fica: quem, em sã consciência, pagaria por conselhos de um homem que quebrou o próprio império tentando virar o Steve Jobs do petróleo?
Vince Neil, o fim do namoro, os flertes no Twitter e o susto com a loira que virou código binário
Vince Neil, vocalista do Mötley Crüe e sobrevivente de si mesmo, terminou um relacionamento de 14 anos com a maquiadora Rain Hannah. Fontes dizem que ele descobriu uma traição, mas o verdadeiro drama começou depois disso. Solteiro e (aparentemente) carente, Vince voltou às redes sociais após um longo hiato, e decidiu exercitar seu flerte em pleno X (antigo Twitter), agora território fértil para bots, armadilhas e mulheres que só existem em servidores do Arizona. Numa dessas, respondeu “sim” ao perfil de Britney Bellaire, que prometia nudes a quem interagisse. Só que Britney, claro, era feita de zeros e uns. Um fã tentou alertar com a sutileza de um soco: “IT’S AI VINCE, IT’S AI”. Resta saber se ele já entendeu o recado ou ainda está esperando a tal foto. A única certeza é que o algoritmo o levou para o dark side do desejo masculino: o da loira digital que nunca erra a iluminação.
Recordar é Viver: como matar um arquiduque e começar uma guerra mundial: Sarajevo, 1914, o tutorial histórico que a humanidade nunca esquece (mas também nunca aprende)
Há exatos 111 anos, em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando foi assassinado em Sarajevo. Herdeiro do trono austro-húngaro, ele foi alvejado por nacionalistas sérvios em um atentado que seria apenas mais uma nota de rodapé nos jornais — não fosse o fato de ter detonado a Primeira Guerra Mundial. A Áustria declarou guerra à Sérvia, a Alemanha entrou em campo, a Rússia respondeu, e em poucos dias o mundo estava em chamas. A matança durou quatro anos, matou milhões e redefiniu a geopolítica global. Tudo por causa de um tiro em um carro conversível. A história virou tragédia, que virou livro didático, que virou prova do Enem, que ninguém lembra direito. E mesmo assim, mais de um século depois, líderes ainda brincam de nacionalismo inflamado como se não soubessem no que dá. Spoiler: nunca termina bem.

Brasil registra queda no desemprego, alta no número de trabalhadores formais e um momento raro de boas notícias que ninguém sabe bem como reagir
O IBGE divulgou nesta sexta-feira (27) que a taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,2% no trimestre encerrado em maio. É o menor nível desde sabe-se lá quando — e ninguém ousa comemorar alto, talvez por medo de dar azar. O número de empregados com carteira assinada chegou a quase 40 milhões e o rendimento médio subiu para R$ 3.457. No país da informalidade e dos bicos, isso é quase um milagre estatístico. Foram 644 mil pessoas a menos procurando emprego em comparação com o trimestre anterior. A pergunta incômoda: por que, com tanta gente empregada, o sentimento geral ainda é de que nada melhorou? Talvez porque os preços continuem altos, os salários reais estejam espremidos e as pessoas estejam trabalhando mais… para continuar no mesmo lugar. Ou talvez porque o brasileiro aprendeu a desconfiar quando as notícias são boas demais.

Lula veta exame toxicológico para motoqueiros e motoristas comuns porque ninguém precisa saber se está chapado para dirigir até o supermercado, né?
O presidente Lula vetou o trecho da nova lei de trânsito que exigiria exame toxicológico para motoristas das categorias A e B (motos e carros de passeio). O exame seguirá obrigatório apenas para quem dirige caminhões, ônibus ou vans — afinal, se for para estar sob efeito de entorpecentes, que pelo menos não seja com 40 passageiros a bordo. Lula justificou o veto dizendo que a exigência aumentaria custos e poderia incentivar a direção sem habilitação. Uma lógica, no mínimo, ousada: “se for caro, melhor não exigir nada”. A proposta vetada fazia parte de um projeto aprovado no Congresso que também previa CNH gratuita para quem está no CadÚnico. O exame toxicológico era só um adendo, mas virou o centro da polêmica. Agora, a decisão vai para o Congresso, que poderá manter ou derrubar o veto. Enquanto isso, seguimos dirigindo na fé. E com muito Red Bull.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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