Gustavo Petro, GOL, Itaipu…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Ronaldo Caiado critica Lula com fúria adolescente e acha que 2026 será seu TikTok da vingança eleitoral
O governador de Goiás acordou achando que é a nova encarnação do Carlismo com toque sertanejo e decidiu chamar Lula para briga aberta. Caiado acusa o Governo Federal de “marketing” e “50% de obras paradas” como se fosse uma auditoria do TCU, mas com mais testosterona do que dados. Defende anistia a Bolsonaro, ataca a PEC das Prerrogativas e ainda acha que Trump é uma espécie de mentor espiritual. Mas, ironicamente, as pesquisas dizem que Caiado anda mais para coadjuvante de novela das seis do que protagonista do horário nobre. Seu discurso é mais sobre testar bordões que possam viralizar no X (antigo Twitter) do que sobre construir uma candidatura nacional sólida. Esse é o problema: a direita brasileira ainda vive de memes, slogans e rescaldos do bolsonarismo, sem projeto próprio. Caiado joga a rede para pegar tubarões, mas por enquanto só fisga sardinhas.
Tribunal de Londres arquiva processo contra rapper do Kneecap e mostra que o Reino Unido ainda sabe usar tecnicalidade como arte política
Mo Chara, do grupo irlandês Kneecap, virou manchete global por exibir bandeira do Hezbollah no palco e acabou acusado de terrorismo. Mas a acusação perdeu prazo por um dia e o juiz arquivou o processo, lembrando que até na política internacional existe limite para burocracia mal feita. O caso é exemplar: mostra como tribunais podem ser palco de grandes dramas morais, mas também de trapalhadas administrativas dignas de repartição pública em série da BBC. O juiz deixou claro que não estava inocentando o rapper, apenas constatando a burrada processual. E nesse detalhe repousa toda a ironia: a Inglaterra, que exportou colonialismo e burocracia para o mundo, tropeça no próprio regulamento. O rapper sai temporariamente vitorioso, os promotores saem com cara de estagiários e o debate sobre Israel e Palestina ganha um novo personagem — agora embalado por beats e sotaque de Belfast.
Estados Unidos revogam visto de Gustavo Petro e transformam diplomacia em reality show de cancelamento global
O presidente colombiano Gustavo Petro virou persona non grata em Washington após participar de manifestação pró-Palestina em Nova Iorque. Os EUA reagiram com a sutileza habitual: cancelaram seu visto, como quem cancela assinatura de streaming que subiu o preço. Petro responde dizendo que não precisa de visto porque tem passaporte europeu — a versão diplomática do “eu nem queria ir mesmo”. O caso expõe a hipocrisia monumental do Ocidente: liberdade de expressão até você criticar seus aliados, imunidade diplomática até você incomodar demais. Petro posa de mártir da causa palestina e Donald Trump posa de xerife do Velho Oeste geopolítico. A ONU, previsivelmente, olha para o lado. É a diplomacia pós-moderna: não se discute, cancela-se. Não se negocia, bloqueia-se. Um grande teatro em que todos os atores fingem que são protagonistas, mas no fundo ninguém passa de figurante de um roteiro escrito no Departamento de Estado.

Colisão aérea da GOL completa 19 anos: tragédia ainda ecoa e lembra que o Brasil é craque em esquecer suas catástrofes
Em 29 de setembro de 2006, um Boeing 737 da GOL se chocou com um Legacy no espaço aéreo amazônico. Morreram 154 pessoas, nasceu uma crise na aviação brasileira e nada foi o mesmo. Por alguns meses, virou manchete diária, com controladores de voo esgotados, políticos se acusando e a ANAC se comportando como síndico de condomínio em greve. Hoje, quase duas décadas depois, é só nota de rodapé. O Brasil tem essa habilidade rara de transformar trauma coletivo em trivia de boteco. Nada de memorial nacional à altura, nada de reformas estruturais radicais. Ficamos com o básico: notas oficiais, discursos protocolares e hashtags vazias no dia do aniversário da tragédia. As famílias das vítimas que lutem por justiça — enquanto o país corre para esquecer porque lembrança dá trabalho e não rende voto.
Itaipu sonha com painéis solares flutuantes, mas esquece que já temos sol demais e política de menos para fazê-los funcionar
Itaipu quer ser o Tesla das hidrelétricas, só que com menos glamour e mais burocracia. Anunciou que vai instalar sua segunda usina solar flutuante no reservatório – porque aparentemente a primeira ainda não deu nem para fazer selfie no LinkedIn. A ideia é cobrir 10% do lago com painéis solares, um projeto megalomaníaco que, se funcionar, cria uma Itaipu dentro de Itaipu. Bonito no PowerPoint, épico nas promessas e invisível na realidade do cronograma brasileiro. O teste atual com 132 painéis é praticamente um “projeto-piloto para ver se não dá ruim”. E sabemos como o Brasil adora projetos-piloto: viram exposições itinerantes, teses acadêmicas ou simplesmente evaporam no ar quente da política. Falta só o momento em que os painéis viram ponto turístico para fotos no Instagram com a legenda “energia limpa para um país sujo”. Itaipu quer parecer vanguarda ambiental, mas no fundo ainda funciona com o velho motor: discurso verde para a plateia e lobby pesado no bastidor.

Haddad chama de “loucura” atrelar IR a PL da Dosimetria e transforma Brasília num episódio perdido de “Os Trapalhões no Congresso”
Fernando Haddad, sempre pronto para discursar com ar de professor cansado de explicar o óbvio, disse que é “loucura” atrelar a votação do aumento da isenção do IR ao PL da Dosimetria. A cena é surreal: parlamentares usando um projeto para barganhar outro, como se o país fosse um grande balcão de troca de figurinhas da Copa. Haddad tenta posar de estadista moderno, mas Brasília tem um talento irresistível para transformar qualquer pauta séria em roleta de conveniências. O IR para quem ganha até R$ 5 mil é promessa de campanha, mas vira moeda de troca para livrar réus da trama golpista. No meio disso, Arthur Lira joga xadrez 4D com as emendas e Paulinho da Força sonha alto com isenção até R$ 7 mil. Parece avanço social, mas cheira a casuísmo. No fim, todos defendem justiça tributária — desde que ela passe primeiro pelo caixa rápido do toma-lá-dá-cá parlamentar.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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