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Vaticano, TV Tupi, CNPJ…

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Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.

Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.

Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.

Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.

Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.

Embraer voa sobre a OTAN, mas o céu europeu não é feito de brigadeiro nem para os Super Tucanos que se acham caças estratégicos de quinta geração

A Embraer está surfando na maré das tensões globais como se fosse um guru geopolítico com asas. O Super Tucano A-29N, rebatizado para agradar a siglas e padronizações da OTAN, virou o novo “queridinho” da hora — ao menos até os generais descobrirem que ainda não faz café expresso no cockpit. Espanha, Itália e Holanda já flertam com o brinquedo brasileiro de €16 milhões, uma pechincha no mercado da guerra contemporânea, onde cada míssil custa mais que um condomínio na Barra. O backlog da Embraer em Defesa & Segurança dobrou em um ano: US$ 4,3 bilhões de dólares, o tipo de “multiplicação dos pães” que faria inveja a qualquer apóstolo da indústria bélica. A empresa, como toda boa multinacional com passaporte verde-amarelo, acena com a possibilidade de instalar linha de produção na Polônia — o país que hoje é a Disneylândia dos armamentos. Mas não se engane: por trás do glamour da venda há um mundo em que crises internacionais rendem dividendos mais sólidos que títulos públicos. A Embraer sabe que a OTAN prometeu chegar a 5% do PIB em gastos militares até 2035. E é esse o cheque em branco com o qual a empresa espera financiar seu voo para além do Atlântico.

Lula prepara discurso na ONU como quem afina violino em auditório vazio, apostando na nostalgia diplomática e na COP30 como gran finale amazônico

O presidente brasileiro vai mais uma vez à Assembleia Geral da ONU em Nova York, aquela passarela global onde chefes de Estado se revezam em discursos que ninguém ouve inteiro. Lula é veterano do púlpito, só faltou em 2010 porque estava ocupado tentando eleger Dilma — uma abstinência estratégica, digamos. Agora, com a COP30 marcada para novembro em Belém, ele quer mostrar que o Brasil é guardião da floresta, uma espécie de zelador planetário de oxigênio e biodiversidade, enquanto negocia com bancos e potências. Mas a ONU não é o playground da década de 2000. O cenário é multipolar, saturado de crises e com plateia dispersa. Lula tenta recuperar o charme do “líder do Sul Global” num auditório cada vez mais desiludido com discursos ambientais. O Brasil chega dizendo que quer salvar o mundo, mas ainda exporta carne, soja e petróleo com apetite adolescente. Em Nova York, o presidente testará se ainda consegue arrancar aplausos ou, no mínimo, trending topics.

Papa Leão XIV, made in USA, chora por Gaza enquanto o Vaticano tenta ser trending topic espiritual em meio ao bombardeio midiático do conflito

O primeiro papa norte-americano da história resolveu jogar luz sobre Gaza em plena audiência semanal. Chamou as condições palestinas de “inaceitáveis” — o que, em linguagem diplomática vaticana, equivale a um tapa de luva de seda na comunidade internacional. O pontífice repete o apelo por cessar-fogo, pela libertação dos reféns e pela solução negociada, enquanto Israel intensifica sua ofensiva na Cidade de Gaza, descrita pelos moradores como o bombardeio mais pesado em dois anos. Leão XIV aposta em orações como antídoto para tanques, drones e retóricas inflamadas. Há um quê de marketing pastoral: quanto mais o papa fala, mais o Vaticano parece querer ocupar o vácuo moral deixado pelas potências ocidentais. Mas se oração resolvesse guerra, o Oriente Médio já teria virado campus de ioga. No fim, o Papa surge como um mix de Francisco de Assis com relações públicas global.

O Vaticano parece querer ocupar o vácuo moral deixado pelas potências (Foto: iStock)
O Vaticano parece querer ocupar o vácuo moral deixado pelas potências (Foto: iStock)

CNPJ ganha letras e entra na era dos memes: prepare-se para a sopa alfanumérica que vai fazer o contador chorar e o hacker sorrir

A Receita Federal anunciou que, a partir de 2026, o CNPJ deixará de ser apenas uma fileira de números e passará a incluir letras. É a revolução estética do mundo empresarial: se hoje o seu negócio é 12.345.678/0001-99, amanhã poderá ser algo como AB.123.XYZ/0001-99. A justificativa oficial é que os 14 dígitos atuais estão perto do limite técnico, e é preciso ampliar combinações. A justificativa real? O Brasil virou uma fábrica de CNPJs — 24,9 milhões ativos e crescendo como mato após chuva. Com o novo formato, o Governo garante mais combinações e você garante mais dor de cabeça para preencher planilhas. Por ora, os já existentes continuam valendo, mas novos registros entrarão no admirável mundo novo alfanumérico. A Receita promete transição suave; já os sistemas bancários e softwares contábeis devem entrar em pânico silencioso. Prepare-se para um mercado paralelo de “nomes bonitos” de CNPJ e, quem sabe, para a volta do carimbo como objeto cult.

Leia ou ouça também:  COP30, Malala, professores...

Brasileiros aprovam Lula contra sanções dos EUA, mas a geopolítica é um samba de uma nota só onde quem puxa o ritmo ainda é Washington

Segundo pesquisa Quaest, 64% dos brasileiros acham correto o Governo defender a soberania frente às sanções norte-americanas. Parece um revival dos anos 1970: “Brasil grande, dono do próprio nariz”. Só que desta vez as sanções incluem taxação de 50% em produtos brasileiros, aplicação da Lei Magnitsky contra figuras do Judiciário e cancelamento de vistos de autoridades. A retórica patriótica dá ibope, mas na prática o Brasil segue dependente de mercados, insumos e humor do dólar. Lula se apresenta como defensor da soberania enquanto tenta administrar a crise de imagem internacional e o desconforto interno. É um nacionalismo performático em meio a um tabuleiro onde os EUA continuam sendo o árbitro do jogo. A pesquisa, feita entre 12 e 14 deste mês, mostra que o brasileiro médio gosta de ver o presidente bancando o malandro esperto na mesa dos poderosos. Mas quando faltar peça no supermercado ou dólar barato no turismo, a aprovação tende a mudar de tom.

TV Tupi, 75 anos depois: o nascimento glamouroso e precário da telinha que hoje virou streaming, algoritmo e reality show sem fim

Em 18 de setembro de 1950 a TV Tupi inaugurava transmissões em São Paulo, com direito a improvisos, câmeras engessadas e apresentadores que falavam para um público quase inexistente. Era o Brasil entrando na era da imagem como quem veste terno novo emprestado. Setenta e cinco anos depois, a televisão é outra coisa: virou feed, virou meme, virou ferramenta de controle social e entretenimento perpétuo. A Tupi, extinta em 1980, deixou um legado que mistura glamour e precariedade, inovação e improviso. Hoje, os descendentes da telinha original estão nas plataformas de streaming, nos cortes de podcasts, nos vídeos verticais do celular. O espírito pioneiro da Tupi talvez estivesse mais para startup do que para concessionária de serviço público. E, ironicamente, enquanto a TV aberta agoniza, o país se torna campeão de horas assistidas no YouTube. A data de hoje serve como lembrete: no Brasil, a tecnologia chega com atraso, mas chega com um jeitinho que ninguém copia.

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