Alejandro Domínguez: a fala de um racista?
Durante o sorteio da fase de grupos da Copa Libertadores do ano vigente, o presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Alejandro Domínguez, fez uma declaração que rapidamente se tornou alvo de críticas e debates. Ao ser questionado sobre a possibilidade de uma Libertadores sem clubes brasileiros, Domínguez comparou essa hipótese a “Tarzan sem Chita”, insinuando que seria impossível imaginar o torneio sem a participação brasileira. Essa analogia, embora aparentemente inofensiva, foi considerada por muitos como insensível e desrespeitosa, especialmente no contexto das recentes discussões sobre racismo no futebol sul-americano.
A fala de Domínguez ocorre em um momento delicado, em que clubes brasileiros têm manifestado insatisfação com as medidas adotadas pela Conmebol no combate ao racismo. Recentemente, o clube paraguaio Cerro Porteño foi multado em US$ 50 mil após torcedores cometerem atos racistas contra o jogador Luighi, do Palmeiras, durante uma partida da Copa Libertadores Sub-20. A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, considerou a punição branda e chegou a sugerir que os clubes brasileiros avaliassem a possibilidade de migrar para a Concacaf, em protesto contra a falta de ações mais contundentes por parte da Conmebol.
Diante da repercussão negativa, Domínguez utilizou suas redes sociais para se desculpar, afirmando que sua intenção não era desqualificar ou menosprezar ninguém, e reafirmou seu compromisso com um futebol mais justo e sem discriminação. No entanto, suas palavras levantam questões sobre a postura da liderança da Conmebol em relação aos desafios enfrentados pelo futebol sul-americano, especialmente no que tange à discriminação e ao reconhecimento da importância econômica e esportiva do Brasil na região.
Alejandro Domínguez e a Conmebol: liderança em xeque
Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol desde 2016, tem enfrentado desafios significativos em sua gestão. Sua liderança tem sido questionada não apenas por declarações controversas, mas também pela percepção de ineficácia no combate a problemas estruturais, como o racismo no futebol sul-americano. A recente comparação infeliz entre a ausência de clubes brasileiros na Libertadores e “Tarzan sem Chita” exemplifica uma falta de sensibilidade e compreensão do contexto atual, colocando em xeque sua capacidade de liderar a entidade com a seriedade e o respeito que o momento exige.
Paraguai: das Missões jesuíticas à independência
O Paraguai, terra natal de Domínguez, possui uma história marcada por períodos de colonização, resistência e busca por identidade. Inicialmente habitado por povos indígenas como guaranis, guaycurus e payaguás, o território foi colonizado pelos espanhóis no século XVI, com a fundação de Assunção em 1537. As missões jesuíticas desempenharam um papel crucial na proteção e evangelização dos indígenas, estabelecendo comunidades autossuficientes que floresceram até serem expulsas no século XVIII. A independência paraguaia foi proclamada em 1811, iniciando um período de isolamento e desenvolvimento autônomo.
Guerra do Paraguai: ambições e devastação
Sob a liderança de Francisco Solano López, o Paraguai buscou afirmar-se como potência regional, o que culminou na Guerra do Paraguai (1864-1870). O conflito, travado contra a Tríplice Aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai, resultou em uma das maiores tragédias da América do Sul. O Paraguai sofreu perdas humanas devastadoras, com estimativas de até 90% de sua população masculina dizimada, além de destruição econômica e territorial significativa. As cicatrizes desse período ainda influenciam a identidade e a política paraguaia contemporânea.
Ditaduras e transições: o século XX paraguaio
O século XX paraguaio foi marcado por instabilidade política e regimes autoritários. Após a Guerra do Chaco contra a Bolívia (1932-1935), que embora vitoriosa deixou o país economicamente fragilizado, o Paraguai enfrentou uma série de golpes e contragolpes. A ascensão de Alfredo Stroessner em 1954 instaurou uma ditadura que perdurou até 1989, caracterizada por repressão política, censura e violações de direitos humanos. A transição para a democracia foi lenta e complexa, com resquícios autoritários ainda presentes nas instituições nacionais.
Brasil: gigante econômico da América do Sul
O Brasil, maior economia da América do Sul, desempenha um papel central no cenário regional. Com um Produto Interno Bruto (PIB) que supera a soma das economias de seus vizinhos, o país é um ator-chave em termos de comércio, investimentos e influência política. Sua indústria diversificada, vastos recursos naturais e mercado consumidor robusto conferem-lhe uma posição de liderança, tornando-o indispensável em qualquer iniciativa de integração ou cooperação sul-americana.
A importância dos clubes brasileiros na Libertadores
Os clubes brasileiros têm sido protagonistas na Copa Libertadores, não apenas pelo número de títulos conquistados, mas também pela capacidade de atrair investimentos, audiências e elevar o nível técnico da competição. A ausência dessas equipes representaria uma perda significativa para o torneio, afetando desde contratos de transmissão até o interesse do público (60% do dinheiro investido na competição é brasileiro). Reconhecer essa importância é fundamental para a Conmebol, que depende da participação brasileira para manter a relevância e a viabilidade econômica de suas competições. Alejandro Domínguez, ¿por qué no te callas?
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