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Ana Holanda fala da importância do ouvir

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Ana Holanda é formada pela PUC-SP. Passou pelas principais redações de revistas do país, e desde 2011 é editora-chefe da revista Vida Simples. É embaixadora da The School of Life no Brasil. Na filial da escola em São Paulo, dá aulas sobre Como se Encontrar na Escrita. Também viaja pelo país dando cursos, workshops e palestras sobre Escrita Afetuosa e sobre narrativas que nascem na cozinha. Da autora, a Rocco publicou “Minha mãe fazia”, também pelo selo Bicicleta Amarela. No seu mais novo livro “Como Se Encontrar Na Escrita – O Caminho Para Despertar A Escrita Afetuosa Em Você”, Ana Holanda divide experiências pessoais sobre o ato de escrever e, ao final de cada capítulo, dá sugestões para o leitor exercitar a sensibilidade do olhar cotidiano. A escritora entrega uma narrativa pessoal e generosa, compartilhando não apenas possíveis orientações para alcançar uma voz própria, mas colocando a própria técnica em prática, com textos pra lá de afetuosos. A autora defende acima de tudo que escrita não é técnica, mas uma ponte para alcançar e afetar o outro. Colocar a alma na escrita é o segredo. Despertá-la através deste convite é o que se conquista com a leitura agradável e rica de “Como Se Encontrar Na Escrita”. “Escrever para mim é encontro, com o outro e com a gente mesmo. Não gosto de qualificá-la como arte, porque isso traz junto uma ideia de que a escrita seria, assim, algo não acessível para todos”, afirma.

Ana, escrever é a maior forma de arte e comunicação que existe em sua visão?

Escrever para mim é encontro, com o outro e com a gente mesmo. Não gosto de qualificá-la como arte, porque isso traz junto uma ideia de que a escrita seria, assim, algo não acessível para todos. E eu realmente acredito que a escrita é para todos. Não só a escrita do dia a dia, mas a capacidade de compor um texto com alma, que expresse a nossa vida.

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Como podemos definir a escrita criativa?

Prefiro dizer “escrita afetuosa”, que é aquela que toca, conversa, encontra o outro — e se perpetua, carrega a vida de quem escreve e por isso se mantém viva; não morre no mesmo instante em que nasce. E isso só acontece quando temos um olhar sensível para a vida, quando percebemos que as histórias não nascem no extraordinário, mas no cotidiano ordinário, no dia a dia.

Em que momento esse assunto começou a lhe chamar a atenção?

Há uns seis anos, quando comecei a perceber que as pessoas se referiam aos meus textos e aos textos de Vida Simples como algo que conversava com elas. Foi quando comecei a refletir e a entender o que, no texto, proporcionava essa conversa.

Você é editora da revista Vida Simples. Como a escrita criativa é trabalhada na publicação?

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Sou editora-chefe da Vida Simples há 8 anos e tento praticar essa escrita que conversa com o outro em todos os textos. Nos textos de Vida Simples, por exemplo, o autor pode se colocar em primeira pessoa ou contar a sua experiência pessoal se isso fizer sentido (ou for enriquecer) o tema abordado, por exemplo. Mas, basicamente, o que tento fazer é que o autor do texto se aproxime mais do leitor, de alguma maneira, se envolvendo no texto ou pela estrutura do mesmo.

Como avalia a escrita nos principais veículos de comunicação do nosso país?

Costumo dizer que nunca se produziu tanto conteúdo como atualmente. Mas, ao mesmo tempo, também nunca se produziu tanto texto que nasce e morre no mesmo instante. A maioria dos textos não conversa com ninguém. Não estamos ouvindo as pessoas, enxergando ou percebendo o outro. Construímos monólogos sem nos darmos conta. Isso está fazendo o jornalismo padecer.

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É complexo incorporar a escrita afetuosa em uma publicação?

Não. A escrita afetuosa depende apenas do olhar de quem escreve; de perceber o outro como alguém como você. A dificuldade é sair do lugar-comum, de começar a perceber a escrita como um local de encontro com o outro, de sair do automatismo.

Fale um pouco do seu trabalho como embaixadora da The School of Life no Brasil.

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Ser embaixadora da The School of Life, na verdade, é ser alguém que acredita nos princípios da escola — de que a filosofia é para todos e de que ela é algo importante para que a gente consiga estar no mundo com mais autoconhecimento e inteireza. Atualmente, tenho dois cursos especiais na sede brasileira, em São Paulo: Como se Encontrar na Escrita e Cozinha de Memórias.

Como surgiu a inspiração para a feitura do livro “Como se Encontrar na Escrita?”.

O livro nasceu da minha experiência nos últimos 3 anos com o curso de Escrita Criativa e Afetuosa, no qual viajo pelas principais capitais brasileiras ensinando como escrever um texto cheio de alma e que encontre o outro.

O encontro com escrita é um caminho ininterrupto e que traz uma novidade a cada dia?

Sim. Não existe um lugar de conforto, como uma habilidade que você adquire e pronto. É uma conquista ou um olhar diário, é saber reparar na beleza no cotidiano, nas histórias que surgem na nossa frente o tempo todo (e saber reconhecê-las).

Como colocar a identidade própria num texto?

A escrita, qualquer uma, é sempre um reflexo da nossa alma. E isso independe do assunto. Quando nos damos conta disso, quanto passamos a perceber um texto não apenas como uma ferramenta, mas como uma ponte para encontrar o outro, já estamos, de alguma maneira, colocando um pouco de nós mesmos no texto.

Você já afirmou que a escrita afetuosa pode transformar a vida de uma pessoa. Quando essa escrita afetuosa transformou a sua vida?

Ela transforma a minha vida todos os dias. Mas nos últimos três anos, quando nomeei este tipo de escrita e me dei conta do seu enorme papel transformador, acho que a escrita tomou outra dimensão na minha vida: a de transformar a mim mesma, mas para meu entorno e a vida de muitas outras pessoas. A gente não se dá conta, mas a escrita tem uma força e um poder de transformar a realidade, a vida. E a gente desperdiça isso todos os dias escrevendo textos superficiais, sem encontro, sem alma.

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Última atualização da matéria foi há 1 ano


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