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As 20 obras de arte mais polêmicas

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Desde que o homem decidiu desenhar bisões nas cavernas de Lascaux, a arte tem sido mais do que estética: tem sido afronta, provocação e, por vezes, um gesto obsceno. Do mármore renascentista ao pixel digital, algumas obras de arte cruzaram a tênue linha entre o brilhante e o blasfemo, entre a crítica e o crime, entre o museu e a fogueira. Nem sempre foi sobre beleza — muitas vezes foi sobre barulho.

A história da arte polêmica é, na prática, a história da arte com maiúscula. Caravaggio não apenas revolucionou a luz e a sombra; ele foi acusado de assassinato. Marcel Duchamp não apenas apresentou um urinol como arte, mas desafiou, de forma frontal e urinária, todo o establishment. E se os moralistas da época de Courbet não suportaram ver uma genitália frontal em A Origem do Mundo, é porque talvez esperassem um buquê de flores em lugar de um retrato íntimo que expõe o nascimento da humanidade sem retoques nem eufemismos.

“O que une essas obras não é apenas o escândalo que causaram, mas o fato de que continuam sendo debatidas, décadas (ou séculos) depois.”

A polêmica, vale lembrar, é muitas vezes um tempero da modernidade. Se Giotto escandalizou ao fazer as figuras de Cristo mais humanas, foi porque até então só se conhecia a divindade em ícones dourados. E quando Picasso, com seu Les Demoiselles d’Avignon, transformou prostitutas em deuses cubistas, não foi apenas por vanguarda — foi um tapa no academicismo que insistia em idealizar a nudez.

Ainda assim, há polêmicas que parecem feitas sob medida para as redes sociais, embora tenham sido concebidas décadas antes do Instagram. Se um artista coloca uma cruz submersa em urina, como fez Andres Serrano em Piss Christ (1987), o escândalo é tão inevitável quanto o compartilhamento em massa. A obra não é apenas arte — é trending topic garantido, retroativamente.

Do sacrilégio ao surreal: um tour guiado pelo tabu

Listar as 20 obras mais polêmicas é entrar em um labirinto de censura, escândalo e consagração. Vejamos algumas.

Marcel Duchamp – Fountain (1917)

Um mictório de cabeça para baixo, assinado “R. Mutt”, redefiniu o que era arte e ofendeu críticos de meia-idade por um século inteiro.

Édouard Manet – Olympia (1863)

Uma prostituta encarando o espectador com altivez? Em plena Paris burguesa? Escândalo instantâneo, claro.

Chris Ofili – The Holy Virgin Mary (1996)

Colagens com excrementos e pornografia para representar Maria. A obra causou indignação e uma guerra cultural em Nova York.

Damien Hirst – The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living (1991)

Um tubarão em formol. Críticos disseram que era o ápice da arte-mercadoria. Mas rendeu milhões.

Maurizio Cattelan – Comedian (2019)

Uma banana colada com fita adesiva à parede. Vendida por US$ 120 mil. Paródia? Golpe? Gênio? Pega-touristas?

Andres Serrano – Piss Christ (1987)

Uma fotografia de um crucifixo imerso em urina. Religiosos gritaram blasfêmia; críticos viram crítica ao esvaziamento dos símbolos cristãos.

Guerrilla Girls – Do Women Have to be Naked to Get into the Met Museum? (1989)

Cartazes feministas denunciando o sexismo no mundo da arte. Críticas transformadas em arte. Ou arte transformada em crítica.

Robert Mapplethorpe – Fotografias (década de 1980)

Exploração de temas homoeróticos e sadomasoquismo em pleno governo Reagan. Moralistas tentaram fechar exposições.

Marc Quinn – Self (1991)

Um autorretrato feito com 4,5 litros do próprio sangue. A arte como performance física e existencial.

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Ai Weiwei – Dropping a Han Dynasty Urn (1995)

Fotografado quebrando um vaso de dois mil anos. Um ato de vandalismo ou uma denúncia contra a idolatria do passado?

Tracey Emin – My Bed (1998)

Sua cama desfeita, com preservativos usados e garrafas de vodca. A arte da vulnerabilidade sem maquiagem.

Banksy – Girl with Balloon (Shredded) (2018)

Obra que se autodestruiu após ser vendida. Um manifesto contra a arte como produto de leilão?

Richard Prince – New Portraits (2014)

Prints de imagens do Instagram de outras pessoas. Arte apropriacionista ou roubo descarado?

Paul McCarthy – Tree (2014)

Escultura inflável semelhante a um brinquedo sexual em praça pública de Paris. Vandalizado dias depois.

Jeff Koons – Made in Heaven (1990)

Fotografias pornográficas com sua esposa na época (Cicciolina). Arte erótica ou pornografia gourmet?

Santiago Sierra – 160 cm Line Tattooed on 4 People (2000)

Quatro viciados em heroína tatuados por dinheiro. A obra como denúncia ou como exploração?

Marcus Harvey – Myra (1995)

Retrato da serial killer Myra Hindley feito com mãos infantis. Foi vandalizado. Duas vezes.

Hans Bellmer – Bonecas Surrealistas (década de 1930)

Maniquins com múltiplos membros, usados como crítica ao autoritarismo — e fetichismo confesso.

Lucian Freud – Benefits Supervisor Sleeping (1995)

Pintura crua de uma mulher obesa nua. A beleza fora do padrão, levada ao extremo.

Gustave Courbet – A Origem do Mundo (1866)

Uma genitália em close. Guardada em coleções privadas por mais de um século. Hoje, no Museu d’Orsay.

O que une essas obras não é apenas o escândalo que causaram, mas o fato de que continuam sendo debatidas, décadas (ou séculos) depois. Se provocam, é porque apontam rachaduras no verniz da sociedade. E talvez a função mais nobre da arte seja justamente essa: incomodar.

A arte polêmica não pede desculpas. Ela pisa na linha, beija o abismo, irrita com elegância — ou com selvageria. E, nesse processo, constrói sua permanência. Afinal, o que seria da arte se não nos fizesse, ao menos uma vez, engasgar com a própria certeza?


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