Hotel Kakola, Diddy, bingos…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Cassinos, bingos, jogo do bicho e o novo sonho brasileiro de perder dinheiro oficialmente com recibo e tudo
Enquanto a economia patina, o Congresso trabalha firme: Davi Alcolumbre, presidente do Senado e entusiasta de pautas “sérias”, tenta agora destravar a legalização dos jogos de azar no Brasil. Cassinos, bingos e até aquele bilhetinho mágico do jogo do bicho podem voltar a brilhar — desta vez, com CNPJ. O plano é votar tudo antes do recesso parlamentar de julho, ou seja, entre um cafezinho e uma licitação suspeita. A bancada evangélica, claro, já está vestindo a armadura de cruzado medieval para impedir a liberação das roletas. Argumentam que legalizar o jogo é abrir as portas do inferno. Já os defensores juram que é abrir as portas do desenvolvimento. No fundo, ninguém quer saber se o Brasil precisa de cassinos, só quem vai controlar as fichas. E, por enquanto, a roleta só gira para os donos da pauta.
Diddy, freak offs, voos pagos, edredons oleosos e o estranho talento dos ricos para serem nojentos em alta definição
O julgamento de Sean Combs, vulgo Diddy, está parecendo roteiro rejeitado de série da HBO por ser “exagerado demais para ser crível”. Promotores do Distrito Sul de Nova York encerraram a sexta semana do caso por tráfico sexual e associação criminosa usando gráficos, planilhas e tudo mais que o Google Planilhas pode gerar para mostrar o esquema. O resumo? Cassie Ventura, uma tal de “Jane” e acompanhantes masculinos eram levados em excursões patrocinadas pelo império do hip hop para participar dos tais “freak offs” — eventos sexuais com múltiplas pessoas, múltiplos dias e múltiplas camadas de nojo. Tinha extrato bancário, tinha recibo de hotel com “danos colaterais”, tinha foto de edredom lambuzado de óleo e até sangue no lençol. Gente rica tem a estranha mania de transformar a luxúria em um PowerPoint constrangedor. E ainda acham que inventaram o prazer.

Kenneth Arnold, discos voadores e o dia em que a Terra começou a enlouquecer oficialmente com alienígenas de disco prateado
Lá se vão 78 anos desde que Kenneth Arnold olhou para o céu do Monte Rainier e resolveu mudar a cultura pop pra sempre. Foi em 24 de junho de 1947 que ele viu “objetos em formato de disco” voando rápido e baixo. Nascia ali o OVNI mainstream, o delírio oficializado, a desculpa preferida para tudo que não conseguimos explicar. Daquele dia em diante, Hollywood se agarrou à narrativa como quem descobre uma mina de ouro criativa, e a humanidade nunca mais largou o capacete de papel alumínio. Hoje, no aniversário do evento, continuamos sem saber se Kenneth viu um esquadrão alienígena fazendo turismo ou um bando de gaivotas desorientadas. Mas que foi um golaço de marketing para os ETs, isso foi. Pelo menos, até agora, ninguém achou recibo, foto borrada serve.
MDB quer ser vice de Lula, Alckmin sente o baque e Michel Temer prepara seu habitual sorriso de esfinge
O MDB, aquele partido conhecido pela arte milenar de nunca perder eleição, mesmo que ninguém saiba como, começou os primeiros sussurros para tentar emplacar um vice na chapa de Lula em 2026. O projeto é trocar apoio pela vaga que hoje é de Alckmin. Na bolsa de apostas do Centrão, os nomes são previsíveis: Helder Barbalho e Renan Filho. Temer — eterno maestro das tramas silenciosas — prefere outra sinfonia: a de unir governadores da direita para uma candidatura competitiva contra Lula. Resumo: o MDB não sabe o que quer, só sabe que quer estar no Governo. Alckmin assiste a tudo como quem vê a parede rachando devagar, e o eleitor? O eleitor já tá pegando a pipoca, porque a convenção do MDB vai ser mais animada que jogo sete de playoff.
Crianças, depressão, redes sociais e a surpreendente descoberta de que deixar um adolescente 8 horas no TikTok pode dar problema
Agora é oficial e com selo acadêmico: a crise de saúde mental entre crianças e adolescentes chegou ao limite crítico, segundo o relatório anual KidsRights. Um em cada sete jovens entre 10 e 19 anos está mentalmente destruído, e a culpa é, em grande parte, da nossa obsessão coletiva com as redes sociais. O relatório liga, sem rodeios, o aumento de depressão, ansiedade e surtos variados ao uso viciante de plataformas como TikTok, Instagram e correlatos. O que impressiona é que demorou esse tempo todo para uma entidade bater na porta da humanidade dizendo: “Ei, deixar seu filho 12 horas por dia vendo dancinha não termina bem”. Enquanto isso, as empresas de tecnologia seguem testando algoritmos mais viciantes do que cocaína. Mas fiquem tranquilos: o filtro novo deixa seu cachorro fofo e a saúde mental é problema pra depois.
Prisão sombria, hotel spa, quatro piscinas e a certeza de que o capitalismo consegue vender qualquer tragédia como turismo
O Hotel Kakola, em Turku, na Finlândia, é a prova definitiva de que o capitalismo é capaz de transformar cadeia em experiência relaxante. O lugar funcionava até 2007 como uma das prisões mais temidas do país. Hoje, o hóspede escolhe se prefere massagens relaxantes ou aquele clima penitenciário gourmet — com beliche e tudo. O centro de confinamento? Virou spa. O espaço da solitária? Provavelmente virou sala de aromaterapia. Você pode até pagar 1.400 reais por noite para dormir onde um dia um sujeito que matou três pessoas puxou 15 anos de cana. É o capitalismo na sua forma mais plena: vender trauma por diária premium. Próximo passo? Tour noturno na Papuda com fondue incluso (será que Bolsonaro deverá fazer o debute em breve?). A humanidade, às vezes, merece mesmo um julgamento.

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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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