Vivara, Mapa da Fome, NASA…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Donald Trump, tarifas de 50%, caravelas de agosto e merendas escolares: o embargo comercial mais poético da história recente
O Império revida. Não com tropas, mas com tarifas. A partir de 1º de agosto, exportar para os Estados Unidos se tornará um hobby bilionário para masoquistas: 50% de sobretaxa, como se fosse taxa de alfândega do inferno. Trump resolveu punir o Brasil por algum pecado não explicado — talvez por não termos comprado o suficiente da sua linha de gravatas. O Governo brasileiro já prepara paliativos, claro: planos B cheios de letrinhas e empréstimos emergenciais que são, basicamente, o carnê da Casas Bahia para empresas. Retaliações reais, como sobretaxar produtos americanos, foram descartadas para não assustar o capital estrangeiro — afinal, a única coisa mais sagrada que a Faria Lima é a Disney. Fala-se em romper patentes americanas, o que deixaria a Pfizer em posição fetal. Mas há uma solução ainda mais bonita: vender suco de laranja e picanha subsidiados para as agências da ONU ou, quem sabe, para o povo brasileiro. Sim, aquele mesmo povo que mal vê carne no prato desde 2016. É hora de transformar o embargo em buffet. A única dúvida é se agosto vai nos trazer desgosto ou apenas um indigesto déjà vu.
Kruglensky volta à Vivara e Borrello ganha pulseira de prata: mercado aposta que CEO virou figurante no próprio organograma
Na terra das joias, brilha mais quem tem sobrenome. Paulo Kruglensky, ex-CEO e sobrinho do manda-chuva Nelson Kaufman, está de volta ao board da Vivara — e ninguém no mercado acha que ele veio só para assistir às reuniões e comer pão de queijo. A leitura é clara: Icaro Borrello, atual CEO, virou um adereço. Desde a queda de Kruglensky, a Vivara perdeu brilho (e valor), e a tentativa de Kaufman de assumir o comando resultou numa tragédia de governança que fez as ações da companhia despencarem com mais velocidade que um colar falso em loja de departamento. Agora, o mercado aposta que o retorno do sobrinho prodígio é, na verdade, um golpe de estado palaciano, tipo Game of Thrones versão shopping center. O problema não é só de ego executivo: quando a confiança do investidor é abalada por conflitos de bastidores, o prejuízo é em escala real. E resta saber se Borrello já providenciou sua saída estratégica ou se ainda tenta achar espaço entre a lapidação de vaidades e as pedras que voam nos bastidores dourados da joalheria.
Beyoncé, Oprah, Bono, Bruce e até Sharpton: Trump denuncia “mercenários da simpatia” e transforma a eleição de 2024 em faroeste imaginário
Donald Trump resolveu atualizar o conceito de “showmício” e acusou Kamala Harris de ter pago uma fortuna a celebridades por apoio político. Beyoncé teria recebido 11 milhões de dólares para subir ao palco e… sair vaiada sem cantar uma nota sequer. Oprah, uma bagatela de 3 milhões em “despesas”, provavelmente para maquiagem e indignação. Bono e Bruce Springsteen também estão na mira do tribunal trumpista do Truth Social, e até Al Sharpton, cuja “audiência baixíssima” incomodou mais que os 600 mil dólares embolsados, virou réu moral no processo informal de Trump contra a realidade. Para o presidente, essa compra de apoio seria o maior escândalo desde que inventaram o autotune. Claro que nenhuma prova foi apresentada, como de costume. Mas Trump conseguiu o que queria: manchetes. Enquanto os arquivos de Epstein ameaçam sair do cofre e contaminar meio establishment, o presidente recorre à velha tática do “olha ali uma Beyoncé corrupta!”. A estratégia é batida, mas ainda ecoa entre seus seguidores. E sejamos honestos: se pagaram por apoio, erraram na entrega. O show da democracia americana é cada vez mais uma reprise de sitcom ruim.
NASA completa 67 anos: de foguetes de guerra fria a memes com alienígenas no WhatsApp de sua tia
Em 29 de julho de 1958, os EUA decidiram que brincar de deuses nos céus merecia um órgão próprio — e criaram a NASA. A sigla, que parece nome de cachorro de rico, transformou-se em símbolo da conquista espacial e da arrogância tecnológica americana. Era a Guerra Fria, e a ideia era simples: mandar homens à Lua antes que os soviéticos mandassem um frango assado. E assim nasceu uma indústria de bilhões, que já nos deu satélites, velcro e teorias da conspiração que mantêm a internet funcionando. A NASA nos levou à Lua (supostamente), fez robôs virarem celebridades em Marte e descobriu planetas com nomes impronunciáveis e climas inabitáveis — tipo Brasília no recesso parlamentar. Hoje, além de explorar o espaço, a agência virou personagem de posts místicos no TikTok e tema de PowerPoint motivacional em empresas. A dúvida é se a próxima fronteira da NASA será mesmo intergaláctica ou se ela vai apenas tentar sobreviver ao corte de orçamento feito por políticos que acham que a Terra é plana e que o aquecimento global é só febre midiática.

Trump desmoraliza Netanyahu e diz que crianças em Gaza parecem mesmo famintas: política externa dos EUA vira teatro grego
Nem Sófocles escreveria com tanta dissonância. Donald Trump, o mesmo que ajudou a empurrar Gaza ao colapso humanitário com apoio incondicional a Israel, agora diz que “vê fome real” nas crianças palestinas. A fala, ao lado do premiê britânico Keir Starmer, gerou calafrios no governo de Netanyahu, que jurava não haver fome nem política de fome. Trump, por sua vez, disse que “baseado no que vê na televisão”, há sim crianças famintas. Eis a política internacional norte-americana: um reality show no qual a opinião muda de acordo com o canal. O presidente americano agora quer “salvar vidas”, enquanto continua enviando armas para quem as ceifa. Um duplo twist carpado moral que faria mesmo a ONU engasgar. A fala pode marcar uma virada ou ser apenas mais um improviso de quem mistura diplomacia com teleprompter do Teleton. Por enquanto, o espetáculo segue: o maior fornecedor de bombas também quer ser fornecedor de pães. E o Oriente Médio, mais uma vez, paga o ingresso com sangue.
Brasil fora do Mapa da Fome e dentro da eterna gangorra alimentar: um país que come quando a ONU diz que pode
Saímos! De novo! O Brasil está oficialmente fora do Mapa da Fome segundo a ONU. Menos de 2,5% da população em risco de subnutrição: uma vitória para as estatísticas, se não para os supermercados. Desde 2021, quando voltamos à vergonhosa lista, a coisa vinha degringolando. Agora, com base nos dados de 2022 a 2024, o país ganhou um diploma internacional de “come razoavelmente bem”. Só que a realidade tem menos glamour: o preço dos alimentos segue em alta, os desertos alimentares continuam firmes e fortes, e muita gente só come porque há programas sociais, cestas básicas ou fé. A agroindústria brasileira, que alimenta o mundo, muitas vezes esquece do próprio vizinho. Enquanto isso, economistas divergem: uns dizem que o modelo agro é vilão, outros que é herói. Mas nenhum deles mora nos bairros onde o quilo do feijão custa 12 reais. A boa notícia é que o Brasil voltou a comer. A má notícia é que depende do aval da ONU para descobrir isso. Afinal, neste país, até a fome é medida em relatórios trilingues com capa dura.

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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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