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Biden e Bibi estão falando a mesma língua?

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As relações entre Estados Unidos e Israel, especialmente entre seus líderes Joe Biden e Benjamin Netanyahu (Bibi), têm sido historicamente importantes, mas também marcadas por tensões. O recente ataque de mísseis iranianos contra Israel, a retaliação planejada por Israel e as diferenças de abordagem entre Biden e Netanyahu destacam as divergências entre esses dois líderes, que, embora compartilhem o compromisso com a segurança de Israel, frequentemente divergem em relação aos meios para atingir esse objetivo. No entanto, um novo elemento que influencia a dinâmica é o cenário eleitoral nos Estados Unidos, onde Biden tenta pavimentar o caminho para sua sucessora, a vice-presidente Kamala Harris, que enfrentará Donald Trump em novembro de 2024.

O ataque do Irã e a retaliação de Israel

O ataque iraniano, que envolveu quase 200 mísseis balísticos lançados contra Israel, marcou um aumento significativo nas tensões na região. Embora o sistema de defesa de Israel tenha interceptado a maioria dos mísseis, o evento foi um lembrete gritante do estado de alerta permanente em que Israel vive, cercado de inimigos que não escondem sua hostilidade.

A resposta de Israel foi rápida, com o ministro da Defesa, Yoav Gallant, prometendo uma retaliação “poderosa, precisa e, acima de tudo, surpreendente”. Essa abordagem reflete a postura tradicional de Netanyahu, que há muito tempo adota uma linha dura em relação ao Irã, insistindo que o país deve ser confrontado com força militar para impedir suas ambições regionais e nucleares.

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Por outro lado, a Casa Branca, sob a liderança de Joe Biden, tem pressionado por uma resposta “proporcional”. Isso mostra uma divisão clara entre os dois líderes: enquanto Netanyahu busca uma retaliação esmagadora, Biden está preocupado com as repercussões internacionais e a possível escalada do conflito, que poderia complicar ainda mais a já frágil estabilidade no Oriente Médio.

O cenário eleitoral dos EUA e a influência na política externa

As tensões com Israel surgem em um momento delicado para Biden, que está a um mês das eleições de 2024 nos Estados Unidos. Embora Biden não esteja concorrendo à reeleição, ele trabalha para garantir a vitória de sua vice, Kamala Harris, nas eleições de novembro, onde ela enfrentará o ex-presidente Donald Trump, conhecido por sua postura agressiva e polêmica em relação ao Oriente Médio, especialmente com seu forte apoio a Netanyahu.

A eleição de 2024 não é apenas uma batalha interna, mas também um duelo de visões de política externa. Trump, durante seu governo, manteve uma relação extremamente próxima com Netanyahu, reconhecendo Jerusalém como a capital de Israel e retirando os EUA do acordo nuclear com o Irã, medidas que agradaram profundamente o governo israelense. Por outro lado, Biden tentou reverter algumas dessas políticas, buscando um equilíbrio entre apoiar Israel e manter um canal de diálogo com o Irã.

Se Kamala Harris vencer, ela continuará provavelmente a política de Biden de contenção no Oriente Médio, focando mais na diplomacia e no multilateralismo. Para Netanyahu, a eleição americana também tem grande importância, já que uma vitória de Trump poderia resultar em um retorno a políticas que favorecem mais abertamente as ações israelenses contra o Irã, sem as limitações que Biden tenta impor.

Diferenças nas abordagens de segurança: força versus diplomacia

Desde que assumiu o cargo, Biden adotou uma abordagem mais diplomática para resolver os conflitos internacionais. Isso inclui a retomada das negociações nucleares com o Irã, uma iniciativa que Netanyahu vê como uma ameaça à segurança de Israel. Para Netanyahu, o Irã é um inimigo existencial, que deve ser combatido militarmente, enquanto Biden acredita que negociações e sanções são as melhores formas de evitar que o Irã obtenha armas nucleares.

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Essa diferença de filosofia entre os dois líderes é central para entender por que eles frequentemente parecem não falar a mesma língua. Biden, com sua longa trajetória política, acredita que uma abordagem moderada e estratégica evitará conflitos maiores, preservando a estabilidade regional. Netanyahu, porém, vê isso como fraqueza e acredita que uma postura agressiva e punitiva é a única maneira de dissuadir o Irã e proteger Israel.

A política externa e as eleições de 2024

A política externa tem um peso considerável nas eleições americanas de 2024. Kamala Harris, que duelará com Trump, precisa manter um equilíbrio entre apoiar Israel e apaziguar eleitores mais progressistas, que têm sido críticos da maneira como Israel trata os palestinos e conduz suas operações militares. Biden, por sua vez, precisa garantir que sua administração seja vista como protetora dos interesses de Israel, um aliado-chave, mas sem causar uma escalada desnecessária de conflitos que possam prejudicar as chances eleitorais de Harris.

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Donald Trump, por outro lado, baseia sua campanha em uma política externa de “América em primeiro lugar”, na qual o apoio irrestrito a Israel é uma peça central. Ele usará seu histórico com Netanyahu para ganhar o apoio da comunidade judaica e dos eleitores evangélicos que enxergam a aliança com Israel como crucial. Assim, a relação entre Biden e Netanyahu, por mais tensa que esteja, também é uma questão eleitoral para os Estados Unidos.

As pressões de Biden e Netanyahu

Ambos os líderes estão sob pressão, mas de diferentes maneiras. Biden, no papel de presidente, precisa preservar a estabilidade no Oriente Médio enquanto tenta garantir que Kamala Harris seja eleita. Ele não pode permitir que a situação com o Irã e Israel saia do controle, pois, isso daria a Trump mais munição para criticar sua administração por ser fraca em segurança nacional.

Netanyahu, por outro lado, enfrenta uma forte oposição interna e depende de sua postura de linha dura para manter sua base de apoio. Ele precisa mostrar força contra o Irã para sustentar seu poder político em Israel, onde seu governo frequentemente enfrenta críticas por suas políticas externas e internas. Essa pressão interna em ambos os lados torna a cooperação entre Biden e Netanyahu ainda mais complexa.

Proporcionalidade e retaliação: um conflito de visões

Uma das questões centrais na relação Biden-Netanyahu é a ideia de “proporcionalidade”. Biden tem pressionado para que a resposta de Israel ao Irã seja proporcional ao ataque que sofreu, evitando uma escalada maior. Ele acredita que uma retaliação exagerada poderia incendiar ainda mais a região, alienar aliados europeus e até mesmo complicar as relações dos Estados Unidos com outras nações árabes.

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Netanyahu, no entanto, rejeita essa noção. Para ele, uma resposta poderosa e decisiva é a única forma de dissuadir futuros ataques. O primeiro-ministro israelense acredita que o Irã precisa ser punido de forma tão contundente que isso desestimule qualquer agressão futura. Para Bibi, a proporcionalidade não é uma opção quando a sobrevivência de Israel está em jogo.

Essa divergência filosófica entre Biden e Netanyahu complica a coordenação das ações no Oriente Médio. Enquanto Biden quer evitar uma crise internacional maior, Netanyahu está focado em defender seu país a qualquer custo, sem se preocupar com as implicações diplomáticas mais amplas.

O futuro das relações EUA-Israel

Com as eleições americanas se aproximando, o futuro das relações EUA-Israel dependerá muito do resultado. Se Kamala Harris vencer, as políticas de Biden provavelmente continuarão, com uma abordagem cautelosa e diplomática em relação ao Oriente Médio, buscando evitar novas guerras e trabalhando com a comunidade internacional. Para Netanyahu, isso significa que ele precisará continuar navegando em uma relação muitas vezes tensa com os Estados Unidos, sabendo que o apoio de Washington continuará, mas com limitações.

Se Trump vencer, Netanyahu pode esperar uma retomada de políticas que favoreçam mais diretamente as ações israelenses, especialmente contra o Irã. Trump já demonstrou durante seu governo anterior que está disposto a apoiar Israel de maneira quase incondicional, o que seria um alívio para Netanyahu, que não teria que lidar com as preocupações de “proporcionalidade” ou diplomacia.

Enquanto isso, Biden e Netanyahu continuarão a trabalhar juntos, apesar de suas diferenças, pois, sabem que a aliança estratégica entre os dois países é fundamental para ambos. No entanto, a questão permanece: até que ponto Biden e Bibi podem superar suas divergências e encontrar um caminho comum? Ou será que essas diferenças, exacerbadas pelo contexto eleitoral, criarão um abismo intransponível em um momento crítico para a política global?


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