John Textor, ONU, Tarifa Zero…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Donald Trump e Xi Jinping transformam a geopolítica em laboratório de ciências: a soja brasileira descobre que química demais faz mal ao bolso nacional
A diplomacia sino-americana voltou à adolescência: cheia de flertes tóxicos, paixões repentinas e aquele momento em que o Brasil percebe que ficou segurando a bandeja enquanto os dois mocinhos fizeram as pazes. A “química” entre Trump e Xi, sempre oscilando entre tapa, beijo e tarifação, produziu seu mais novo experimento: a contaminação direta do prêmio da soja brasileira, que já derreteu mais de 40% desde outubro. A China, que antes tratava a oleaginosa brasileira como ouro líquido capaz de evitar a insurreição da classe média urbana, agora voltou aos braços do ex para comprar 25 milhões de toneladas em 2026 — mais que o dobro deste ano. De repente, ficou nítido que quem precisava da soja brasileira não era exatamente Pequim, mas o investidor rural que acreditou que a crise era eterna. Para piorar o drama, a entrada da safra entre janeiro e fevereiro adicionará até 8 milhões de toneladas ao mercado, derrubando ainda mais os preços e obrigando produtores a se perguntarem se deveriam ter diversificado a vida muito antes. No agronegócio, quando dois gigantes fazem as pazes, quem apanha é sempre o terceiro — o Brasil, claro.
Flávio Bolsonaro descobre a política como palco de fantasia: do “meu nome não está na mesa” ao “presidenciável” do Dudu Bananinha em tempo recorde
No zoológico político nacional, analistas dizem que Flávio Bolsonaro foi “picado pela mosca azul” — o que explica muita coisa, mas talvez não o bastante. A história começou com boatos plantados em redes sociais, provavelmente por assessores com tempo demais e vergonha de menos, de que o primogênito seria o herdeiro natural do trono bolsonarista em 2026. Mas Flávio insiste diariamente que não será candidato à Presidência, e sim à reeleição no Senado — discurso repetido com ainda mais afinco desde que o pai passou a habitar sua cela com tapete, mesa e cadeira na PF de Brasília. Na internet, porém, Eduardo Bolsonaro, vulgo Dudu Bananinha, ignora solenemente o roteiro do irmão e já o chama de “presidenciável”, provando que, mesmo em família, ninguém combina narrativa. A ala fiel tenta vender a ideia de que Flávio é o moderado responsável, enquanto os bolsonaristas raiz esperam que apareça alguém com o mesmo carisma colérico do patriarca. No fim, a mosca azul talvez nem exista — e o que existe mesmo é a carência do clã por relevância em tempos de decadência política acelerada.
John Textor e Botafogo vivem sua fase lavação de roupa financeira: conselhos, câmaras, MIDCOs, BIDCOs e a relação que derreteu mais rápido que liderança no Brasileirão
Se existe um clube capaz de transformar drama em espetáculo, esse clube é o Botafogo. E seu dono, John Textor, decidiu abrir a temporada 2025 com um enredo jurídico mais complexo que seus relatórios de arbitragem. Irritado com a decisão da 21ª Câmara de Direito Privado do TJ-RJ, que deu vitória parcial ao Botafogo social e determinou que a SAF deve avisar antes de vender qualquer ativo, Textor acionou toda a estrutura da Eagle Football como quem convoca uma reunião emergencial de crise familiar. A ala MIDCO, composta por conselheiros, foi chamada às pressas para ajudar a consertar a bagunça provocada pela ala BIDCO — que ele controla sozinho. Enquanto isso, o Botafogo social, representado pelo escritório Antonelli, comemora a chance de exercer algum controle sobre o que restou de sua identidade institucional. Já Textor vê o fantasma de 2026 rondando suas finanças, temendo que a intervenção judicial quebre seu planejamento. O diálogo entre Textor e João Paulo Magalhães já não existe — intermediações são feitas pelo CEO Thairo Arruda, que tenta segurar um barril de pólvora com luvas de algodão. O Fogão segue sua tradição: quando não pega fogo em campo, pega nos bastidores.

ONU cria Israel em 1952: o dia em que Oswaldo Aranha fez história e inaugurou, sem saber, sete décadas de debates, tensões e teses acadêmicas intermináveis
Em 29 de novembro de 1952 (com memória afetiva remetendo às decisões de 1947), a Assembleia Geral da ONU, presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, aprovou a criação do Estado de Israel — um daqueles momentos em que o Brasil realmente influenciou o tabuleiro global, antes de virar motivo de espanto em conferências climáticas. Foi um gesto visto como ousado, diplomático, polêmico e histórico, dependendo do interlocutor e do século. Aranha, celebrado pela comunidade judaica e criticado por parte do mundo árabe, foi o arquiteto involuntário de um dos conflitos mais longos e densos do pós-guerra. Hoje, olhando para o Oriente Médio como quem observa um quadro que nunca seca, percebe-se que a decisão abriu caminho para debates que até hoje inflamam líderes, inspiram resoluções e alimentam carreiras inteiras no meio acadêmico. Israel nasceu ali — e com ele um enredo que uniu geopolítica, religião, território, identidade e, claro, a certeza de que qualquer decisão diplomática tem consequências que atravessam gerações. Aranha jamais imaginou que, décadas depois, seu ato continuaria ecoando em manchetes diárias e discursos inflamados.
Tarifa zero nos ônibus promete ser barata, eficiente e revolucionária — desde que alguém pague a conta de R$ 78 bilhões e finja que não doeu no contracheque
O estudo encomendado pela Frente Parlamentar da Tarifa Zero trouxe o retrato do sonho brasileiro: transporte gratuito em 706 cidades já em 2026, ao feliz custo de R$ 78 bilhões por ano. A conta atual, de R$ 65 bilhões, parece até modesta frente ao salto previsto — e isso sem incluir metrôs e trens, que acrescentariam mais R$ 15 bilhões nesse coquetel. Os pesquisadores defendem que a solução está na reformulação do velho vale-transporte, prestes a completar 40 anos com a vitalidade de um flip-phone esquecido na gaveta. A Contribuição para a Disponibilização do Transporte Público (CTP) arrecadaria até R$ 80 bilhões, cobrando empresas a partir de nove funcionários — oito entre dez ficariam de fora, garantindo que o discurso pró-pequeno empreendedor continue intacto. O estudo promete redistribuição, não novos impostos, e calcula que o impacto seria de menos de 1% na folha, algo que empresários fingirão que não entendem. O Brasil já tem 137 cidades com tarifa zero, mas o sistema implodiu nos últimos 30 anos com o modelo “pague por passageiro”. A proposta tenta, enfim, financiar o deslocamento como política pública — o que, no Brasil, é quase um conceito extraterrestre.

Vladimir Putin transforma negociação de paz em teatro geopolítico: Estados Unidos, Ucrânia, Crimeia, Donbas e o eterno jogo de “quem pisca primeiro”
Putin decidiu atualizar seus termos para “acabar” com a guerra: a Ucrânia deve se retirar dos territórios que Moscou tomou à força, e ponto final. A retórica é conhecida, mas ganha verniz novo sempre que há alguma delegação americana prestes a pousar em Moscou para conversas do tipo “vamos ver se desenrola”. Kiev, obviamente, rejeita entregar Crimeia e Donbas como quem recusa assinar contrato com cláusula absurda em letra minúscula. Enquanto isso, o Instituto para Estudo da Guerra calcula que, no ritmo atual, a Rússia ainda levaria quase dois anos para tomar o restante de Donetsk — um lembrete de que avanço militar não combina com grandiosidade propagandística. O plano de paz elaborado por americanos e russos, revisado e mantido em segredo, já chegou ao Kremlin, mas Putin exige ajustes “em linguagem diplomática” — e todos sabem que isso significa transformar exigência territorial em verso bonito. Trump afirmou que faltam “poucos pontos” para acertar tudo, desde que Zelensky assine algo antes de qualquer encontro. Putin, fiel ao seu estilo, repetiu que a liderança ucraniana é ilegítima, que não adianta negociar com eles e que alertas europeus sobre invasão ao continente são histeria. Na prática, o teatro continua — e, como sempre, quem paga o ingresso é o povo ucraniano.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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